Inauguradas no dia 28 de janeiro de 2012, com a presença do governador Jaques Wagner, ás 500 moradias do Residencial Loteamento Cidade Jardim, dentro do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, construídas com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial, ainda não foram entregues e a situação do bairro está com aspecto de abandono.
No empreendimento das 500 casas térreas, com sala, cozinha, área de serviço, banheiro e dois quartos, que possui acesso pavimentado, redes de energia e água, além de campo de futebol e quiosque, foram investidos R$ 18 milhões. Quem visitar o local vai constatar o mato tomando conta das ruas, das áreas que dividem as casas, do campo de futebol socyte e dos espaços reservados para construções de outras áreas de lazer.Várias casas estão destelhadas em virtude de um vendaval, demonstrando a vulnerabilidade dos telhados, além do calçamento, que mesmo sem tráfego de veículos, já apresentam trechos danificados e plantas típicas da área onde foi implantado o loteamento, que brotaram entre os paralelos.
Quem vai ao loteamento fica assustado com o abandono, cujas casas já foram sorteadas, os moradores quinze dias antes da inauguração, uma quarta-feira, foram convidados pelo prefeito Renato Souza (PP) para uma visita a área, onde falou sobre a obra, deixando os beneficiados com alto estima e na sexta-feira seguinte, houve um encontro com os técnicos da Caixa Econômica no Ginásio de Esporte, quando foi realizado o sorteio e tratou-se dos documentos. No dia da inauguração, o governador Jaques Wagner disse que a Bahia foi o estado brasileiro que mais contratou unidades habitacionais por meio do programa Minha Casa Minha Vida, com mais de 100 mil unidades garantidas na primeira fase do programa e que era bom para quem recebia a casa, para o empresário que construía, para o pedreiro, marceneiro e serralheiro, gerando emprego e renda para muitas famílias que recebia dinheiro das obras do programa.
O governador na época destacou a importância de que as pessoas beneficiadas paguem em dia a prestação, pois cada casa custou cerca de R$ 37 mil e o pagamento foi parcelado para dez anos com prestação de R$ 60, totalizando R$ 6 mil e a diferença quem irá pagar é o povo brasileiro, por meio dos impostos. “É preciso está em dia para que outras pessoas possam ser beneficiadas. Também quero lembrar que quem vender o imóvel antes da quitação, corre o risco de perder a casa”, advertiu Wagner há exatamente sessenta dias e até o momento, nenhum beneficiado está morando no loteamento.
Num verdadeiro jogo de empurra de informações, a prefeitura disse que o problema não é mais dela e a questão que vem retardando a liberação das casas é a Caixa Econômica, pois são necessários efetuar os 500 contratos. Funcionários da CAIXA por intermédio da agência de Conceição do Coité, disse que existem alguns termos burocráticos realmente, porém disse que o banco só coloca as pessoas para assinarem os contratos quando constatar que todos os critérios foram cumpridos, um dos funcionários que pediu para não ser identificado, pois disse que não está autorizado para tal informação, disse que um dos grandes motivos do atraso foi por conta da Embasa e que já foi resolvido.” As pessoas vão precisar assinar os contratos como qualquer negócio que é feito no banco, pois os proprietários vão pagar suas parcelas mensalmente, acho que pelos contratos no máximo 20 dias deverão ser assinados”, revelou o funcionário.
Antes, o CN procurou o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Manoel Ribeiro para saber o que estava “travando” a entrega e ele atribuiu a burocracia da Caixa e revelou que na cidade de Jequié um conjunto foi inaugurado há seis meses e ninguém entrou pra morar.
Com tanta festa, regrada a foguetes e disputa política no palanque, os beneficiados imaginaram que no dia seguinte estariam nas casas e com este atraso surgiu na cidade um boato que um grupo de pessoas estariam invadindo as unidades.
Como precaução, a prefeitura colocou seguranças 24 horas. O assunto também foi pauta de discussão do presidente da Câmara José Jailmo Pereira na sessão da última segunda-feira (26), que denunciou, sem citar nomes, que um grupo de pessoas, “nas caladas da noite”, estariam planejando invadir as casas.
Criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Programa Minha Casa Minha Vida tem o objetivo de facilitar a casa própria com uma série de benefícios, sem que sejam necessárias as pessoas se preocupar com as dívidas, principalmente sendo as prestações dentro das condições de pagamento, a exemplo de Iraci da Silva, 34 anos, separada, três filhos e, do salário mínimo que recebe para ser atendente em uma sorveteria no centro da cidade, R$ 200 destinava ao aluguel. “Vou viver mais feliz. Tenho que pagar água, luz, no final do mês era sempre difícil. Vou poder fazer coisas que eram impossíveis, pagar escolinha para o filho mais novo e quem sabe até comprar um carrinho”, falou a comerciária no dia da inauguração e ao voltar falar do assunto, lamentou o tempo em que foi inaugurado, onde cinco pessoas receberam as chaves das autoridades e depois tiveram que devolver.
A equipe do CN esteve no Residencial Loteamento Cidade Jardim no final da manhã de quarta-feira (28) e encontrou três seguranças, um ex-funcionário da empresa responsável pela construção e segundo ele a empresa não tem mais responsabilidade sobre a obra.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas