Mais de mil pessoas, entre amigos e familiares, lotaram o salão de eventos do Clube Umburana, na tarde e começo da noite de sábado (21), na cidade de Valente, para homenagear o ex-vereador pelo município de Conceição do Coité em 1950 e ex-prefeito de Valente, por dois mandatos, João José de Oliveira, conhecido por Nenenzinho, que completou 87 anos de idade.
Nenezinho chegou ao Clube Umburana ás 15h47, ao lado de um grande e eterno amigo, Arnor Carneiro Araújo, que é lembrado no livro “contando 40 contos”, onde narra a dificuldade para extrair um dente, pois na década de 50, por falta de um profissional, foi dentista charlatão e “Seu Arnor”, foi um dos seus clientes. Também acompanhavam o aniversariante , vereadores, dos prefeitos de Valente, Ubaldino Amaral e de São Domingos, Izaque júnior, dos deputados estaduais Mário Negromonte Júnior (PP), Carlos Ubaldino (PSC) e o deputado federal José Carlos Araújo (PR) e um grande número de amigos que vieram de outros municípios
Ao perceber a disposição e alegria do homenageado, a jovem Marília Santiago de Oliveira, 17 anos, neta João Ferreira de Oliveira, residente na região do povoado de Valilândia, disse ao CN que estava acostumada a vê as pessoas atingirem a terceira idade como vegetasse. “Digo isto porque chega o cansaço, a doença, o desanimo, dentre os males peculiares a velhice, porém seu Nenenzinho é uma exerção e aos 87 anos é exemplo de força e vitalidade”, falou Marí, como é conhecida a jovem.
Muito assediado, o aniversariante do dia era abraçado e que, quase com um coral, todos lhe desejavam felicidade e muitos anos de vida. Ao final do evento, Nenezinho disse ao CN que é feliz em tudo que faz, pois pratica as regras do amor, da verdade, do bem a da honestidade com dignidade.
“Fui comerciante bem sucedido, fui e sou pecuarista apaixonado com razoável desempenho e dedicação. Tenho um numero considerável de afilhados, compadres e amigos. Aqui cheguei no dia no dia 21 de abril de 1925 e aqui estou e quero ficar ate o dia que a saúde permitir. E quando morrer quero levar no meu caixão um saco de pelo menos 1 kg de terra de Valente”, brincou.
“Sei que não mereço tanto, levo neste dia duas coisas no meu coração. Uma lembrança e uma magoa. A lembrança destas homenagens inesquecíveis e a magoa porque não ter como agradecer a altura aos senhores tamanha homenagem”, finalizou.
Pai de seis filhos, sendo duas mulheres, Zélia e Maria José e quatro homens, Eduardo, Gildo, Zenóbio e Aroldo Cedraz de Oliveira, filho mais velho que nasceu em 26 de fevereiro de 1951, magistrado, exerceu três mandatos de deputado federal, foi Secretário de Indústria e Comércio da Bahia entre 2000 e 2002 e com a aposentadoria do ministro Adylson Motta em 2006, coube a Câmara dos Deputados indicar o substituto a vaga. Para a eleição de prefeito de Valente em outubro, um dos nomes cotados é Zenobio Cedraz e atualmente o vice-prefeito do município é Eduardo Cedraz, o caçula dos homens.
Coube a Gildo Cedraz falar em nome da familia e ao iniciar seu pronunciamento, destacou a importância do evento e o exemplo de pai, avô, bizavô e de amigo que Nenenzinho externava com seu modo de viver e falou sobre sua mâe, Mariá Cedraz, que a chamou de esteio da família. Segundo Gildo Cedraz, todos os filhos tiveram oportunidade de abraçar Nenenzinho neste dia importante, com exerção de Maria José, que se encontra em viagem á Itália.
Zenobio Cedraz, outro filho de Nenezinho, disse que seu pai é uma grande benção que Valente recebeu assim que nasceu e sua popularidade é por causa dos trabalhos ao longo dos anos e isto vem melhorando os índices do município em todos os setores.
O homem lúcido, inteligente e agradável, nos últimos quatro anos viveu muitas emoções. A primeira grande realização, em 2008, foi lançar um livro em Salvador no Clube Espanhol, na oportunidade centenas de amigos de diversas regiões do estado foram adquirir a edição e levar seu autógrafo. E para quem pensou que foi o primeiro e último, se enganou. Segundo ele, os textos já foram rascunhados, mas está lhe faltando tempo para organizar e preparar a segunda edição que deverá acontecer no próximo ano.
Na condição de destaque entre os maiores criadores de jumento da raça “Pêga” foi convidado para receber um prêmio em Belo Horizonte. Também pela criação do animal, recentemente recebeu a visita em sua fazenda de uma equipe do Globo Rural. Também no setor agropecuário se destaca entre os maiores criadores do Brasil da raça de ovinos Santa Inês. Mas a sua maior realização pessoal foi em janeiro de 2011 quando foi convidado pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) para ir a Brasília, receber a Comenda do Mérito Farmacêutico. A solenidade aconteceu dia 20 de janeiro, dia do farmacêutico, no auditório do Memorial JK para uma platéia de mais de quinhentos convidados para assistirem a entrega do Mérito a 27 pessoas de vários estados brasileiros, dentre eles o baiano de Valente, “Nenenzinho”.
Em Valente, Nenezinho foi recentemente condecorado com a medalha cívica José Mota Araújo, primeiro prefeito de Valente. “Esta medalha é um símbolo de dedicação e competência administrativa, que para mim é motivo de muito orgulho”, falou ao CN.
Homem de boa melhora, Nenenzinho, ao falar para equipe do CN, plagiando Geraldo Vandré disse preparássemos os nossos corações para as coisas que ia contar e começou dizendo que não era digno de tamanha homenagem e se emocionou ao lembrar dos seus pais José João e Emilia, casal cheio de muito amor e diante daquela circunstância, ele nasceu dotado de amor, paixão e ciúme e que desde cedo dedicou sua vida a Valente, quando ainda pertencia a Conceição do Coité e acompanhar seus passos ate hoje. “Lembro-me das primeiras casas construídas por Posidônio Ramos de Oliveira, que era avô e o seu irmão, meu tio Vicente Feliciano de Oliveira. Lembro-me do inesquecível tanque velho, hoje centro da cidade e do capim gramado onde se construiu o povoado, dos escombros da 1° capela, da construção da atual igreja, do caldeirão raso, da construção do açude, das primeiras ruas, do seu bioma regional e do seu povo, sem esquecer as suas dificuldades, de sua pobreza, dos seus sofrimentos, do seu atraso e do seu abandono pelo poder público. Lembro-me do seu atraso físico social e econômico”, externou Nenenzinho aos amigos que lotavam o clube e a todo instante era interrompido pelos aplausos.
Para o deputado Marcos Negromonte, Nenezinho é um homem de visão e foi muito importante comemora esta data, pois ele já fez muito por Valente, principalmente pelos mais necessitados e suas ações melhoraram a vida das pessoas.
O deputado José Carlos Araújo lembrou que os 87 anos de Nenezinho foi dedicação a família e ao município e parte da história de Valente foi escrito ele. José Carlos citou que a prova da boa educação familiar de Nenezinho é a formação do ex-deputado Aroldo Cedraz, que se destacou no Congresso e hoje se destaca no Tribunal de Contas da União. O social Cristão Carlos Ubaldino, fez um “pregação” sobre a vida do político e pecuarista e afirmou que Nenezinho é um patrimônio desta terra.
Ao chegar o momento da fala dos prefeitos, Izaque Júnior reconheceu o carinho que Nenenzinho sempre demonstrou pela sua comunidade, quando ainda pertencia a Valente e Ubaldino lembrou os avanços que o município de Valente teve nestes dezesseis anos, iniciado por Nenezinho, que administrou o município por oito anos e depois por ele, mais oito.
Um dos momentos mais emocionante da festa foi quando a família se juntou para cantar os parabéns e depois os convidados consumiram cinco mil espetinhos de carne e duzentas caixas de cervejas que foram doadas pelos seus amigos.
Nenenzinho na Globo – Conhecido pela histórias que gosta de contar nas rodas de amigos, recentemente Nenezinho participou do programa Globo Rural, onde contou a história dos tempos que o transporte de mercadorias e de pessoas eram pela estrada de ferro de ia de Salvador à Juazeiro da Bahia. As mercadorias chegavam às cidades onde haviam estações de trem e de lá iam para as outras cidades da região, transportadas em carro de boi ou lombo de burro e a demanda de animais para fazer esse transporte era grande, foi aí que seu pai, José João de Oliveira, mais conhecido como “Pai Nenê”, um comerciante com visão, que tinha bons relacionamentos com as firmas de Salvador, que abasteciam o interior do estado, desde ferragem ferragens a tecidos e medicamentos. Em 1930 José João, resolveu comprar um jumento de fora, para produzir animais melhores para as suas tropas e se tornou um grande criador de jumentos Pêga da Bahia, aqui na Bahia.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas