Lula não sabia de nada, diz com a maior desfaçatez enquanto o ex-deputado Roberto Jefferson garante que falou para o então presidente e ele chorou. Não sabe dizer se foi choro sentido, choro chorado, choro fingido ou choro molhado. Muito menos se Lula chorou pela descoberta do esquema. Como o ex-presidente é todo feitinho de Teflon, nada gruda nele e o assunto está sendo debatido neste instante no Supremo Tribunal Federal, enquanto Lula foi descansar num sítio. Até agora ninguém teve coragem de citar seu nome no processo do Mensalão, mas estamos apenas no começo.
Pelo que está sendo visto e ouvido no tribunal, Lula nada sabia, José Dirceu estava inocente de tudo, José Genoíno era umn anjo de bondade e honestidade e somente Duda Mendonça, lavando dinheiro com sua sócia Zilmar, o carequinha Valério que era quem executava o serviço sujo e Delúbio Soares que deu a mão à palmatória e incorporou todos os erros e além da culpa pelos seus atos assumiu o dos outros, conforme assegura o procurador da República, só tem inocente. Tudo anjinho que ainda nem sabe voar.
Mas o processo do Mensalão está servindo para mostrar que ser advogado é uma coisa boa e uma coisa ruim. É bom porque os defensores dos acusados estão faturando horrores (e aí eu pergunto que se os acusados não meteram a mão, onde estão conseguindo dinheiro para pagar as estrelas da advocacia brasileira?). O lado ruim é que vemos que advogado é fogo. Tudo bem que todo cidadão tem direito a defesa, mesmo que tenha escalpelado o pai e cozinhado a mãe em banho-Maria e dado os irmãos para urubu comer. Mas, a cara de pau dos advogados, para limpar a barra dos acusados é de doer. Cada frase arranjada é de uma criatividade de dar inveja. Embora, mesmo tendo figurões da advocacia, a maioria usa mesmo é jargão, chavão e, data vênia, nem ficam vermelhos de vergonha.
Vergonha que deveria tomar conta do ministro Tofolli, que foi advogado do PT, tem ou teve namorada que defendeu José Dirceu em vários imbróglios mas que não se diz impedido e muito menos arrependido de estar ali julgando, como se fosse pau mandado (espero que não) para jogar caca no ventilador. Tudo bem que ele deva ao PT e ao Lula e ao José Dirceu o cargo que ocupa no STF. Mas não precisa ser uma fidelidade tão canina que o leve à própria desmoralização, suje sua breve biografia e o faça motivo de chacota dos seus pares. Tenho amigos e conhecidos advogados que são melhores do que ele – e alguns até piores, que nem para estágio serviram, tanto que vivem a estudar para fazer concurso e esperar que o Senhor ajude a passar – que acham sua atitude péssima para a classe.
Lembrei de uma piada interessante sobre advogados (quem tiver sobre jornalistas pode mandar que publico também na edição da próxima semana, claro) que bem pode ser a cara do ministro. Um senhor entra no cemitério e lê na lápide: “Aqui jaz um competente advogado. Um homem honrado”. No que o idoso comenta:
– ô! Já estão enterrando duas pessoas na mesma cova?
É brincadeirinha doutor! Cadê o humor? Tirante o Toffoli tenho o maior respeito pela classe. Até por um que levou toda a grana do meu pai e sumiu; outro que deixou um processo meu correr solto e eu perdi, mais um que não me entregou valores de uma causa ganha contra um péssimo patrão e outro que pegou grana de um conhecido e “bebeu” toda. Morreu de cirrose. Mas aí foi praga. Felizmente é uma minoria.
Por: Jolivaldo Freitas