Está praticamente concluído todo serviço de terraplanagem com sub-base de 20 centímetros dos 29 km da BA 220, que liga a cidade de Euclides da Cunha ao Povoado de Aribicé, aonde vem sendo implantada uma rodovia em Tratamento superficial simples (TSS), cujo investimento inicial é de aproximadamente R$ 11 milhões e que após o aditivo ficará com custo final de R$ 13 milhões e 300 mil, através de convênio com BNDS e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A autorização para o inicio foi assinada pelo governador Jaques Wagner em 19 de janeiro, quando o chefe do executivo baiano esteve na cidade acompanhado do vice-governador e secretário estadual de Infraestrutura, Otto Alencar.
A obra beneficiará 120 mil pessoas residentes nos municípios da região e segundo o governador Jaques Wagner (PT) a estrada é uma ligação importante entre as BRs 116 e 110. Wagner disse ao CN que vem trabalhando para conseguir recursos e completar o trecho a cidade Cícero Dantas, ligando a BR 110.
A previsão da empresa Leão Engenharia, responsável pela construção da estrada, é concluir até o final do ano e durante sua execução foi necessário indenizar 10 casas, principalmente nos povoados que ficam as margens da rodovia, serão retirados 15 postes de eletrificação, estando ainda aguardando a COELBA e no pico maior das atividades, a empresa chegou a contratar 138 funcionários, estando atualmente com 102. Ao longo dos 29 km, a rodovia passa pelo centro dos povoados de Laje, Nova Trindade e Lagoa do Guedes. No perímetro urbano destas comunidades foram realizados serviços de infraestrutura e sete mil metros calçamento em paralelepípedo para facilitar a manutenção por parte da prefeitura quando necessitar executar algum tipo de serviço.
Segundo engenheiros da empresa Leão Engenharia, criada em 1995 e com uma carreira de sucesso na engenharia civil, na execução da base, a rodovia foi deslocada esquerda em virtude de uma tubulação do sistema de abastecimento d’água pertencente a EMBASA e foi necessária a retirada de algumas curvas da região conhecida por “sete curvas” da serra de Aribicé, com uma altura de 700 metros acima do nível do mar, sendo que a cidade de Euclides da Cunha, onde a obra foi iniciada, fica a 400 metros. Segundo os responsáveis pela obra, no trecho da serra será colocada uma 3ª faixa.
Foram utilizados em todo trecho mais de mil manilhas nas construções dos bueiros simples, duplo e triplo. Também foram construídas 50 km de cercas com madeiras de reflorestamento do Ceará.
No encontro com a BR-116, será construído um entroncamento e ao lado do centro de abastecimento, em Euclides da Cunha, também será construído um bueiro, para que a rodovia se nivele ao terreno local. Em toda extensão da rodovia os trabalhos estão bem avançado, inclusive a construção de uma ponte nas proximidades do Povoado de Laje, onde havia um minadouro.
Aribicé – O distrito de Aribicé é a principal comunidade rural do município de Euclides da Cunha e segundo o aposentado Joaquim Dantas Rehem, 83 anos, a estrada foi uma benção que aconteceu na vida da comunidade, pois eles levavam de uma hora e meia a duas horas para percorrer os 29 km em tempo de seca. “Nos períodos de chuvas eram mais de três horas e muitas vezes ficamos sem ira a Euclides da Cunha por causa do Rio Vermelho. Hoje, estamos no céu”, brincou “Seu Joaquim (em pé)”.
Residem na comunidade de Aribicé cerca de mil pessoas e votam 800 eleitores, distribuídos em três seções de acordo com o agricultor Joel da Silva Dantas, 76 anos, a estrada que está sendo construída foi idealizada por um líder comunitário que disputou a eleição para vereador e não foi eleito a cerca de 40 anos, conhecido por Zé Casca Fina. Seu Joel contou ao CN que Zé Casca Fina percorreu todo trecho com uma foice abrindo vereda, inclusive na serra onde se criou sete curvas, agora reduzida em três.
Ele disse também que o asfaltamento era uma reivindicação antiga da população e que a comunidade é muito visita, principalmente pela sua importância cultural e histórica. “Aqui a gente tem história. Lampião passou por aqui em 1931, parou para descansar na Braúna do Tanque Velho, deu um vacilo e roubaram seu alforje. Um homem chamado André Zuada pegou o requeijão do rei do cangaço e botou um tijolo no lugar”,contou com muito humor “Seu Joel da Silva” enquanto lembrava que a primeira casa foi construída há 70 anos.
Distante 29 km de Euclides da Cunha, 26 km de Banzaê e 54 km de Ribeira do Pombal, moradores disseram ao CN que sonham com a conclusão do serviço, asfaltando o trecho que liga Aribicé a Cícero Dantas, passando pela localidade de São João da Fortaleza (Cícero Dantas) e pela cidade de Banzaê. (Veja outras fotos)
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas