O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e Agricultura Familiar (SINTRAF), de Conceição do Coité vem realizando uma árdua tarefa de combate a seca em todo município de Conceição do Coité. As ações serão observadas no futuro, pois o semi árido não vive sem estiagem, pensando nisso o Sindicato vem procurando conviver com a seca e neste longo período de falta de chuvas a entidade tem se preocupado em limpar barragens e construir cisternas em toda zona rural onde o povo mais sofre quando as aguadas secam.
De acordo com Urbano de Carvalho presidente da entidade somente pelo SINTRAF com a parceria do Governo federal e estadual ja foram aplicados mais de R$ 5 milhões em cisternas e limpeza de barragens desde 2003 quando foi lançado o Programa 1 Milhão de Cisternas. Segundo Carvalho as ações beneficiam as famílias de duas formas; recebem o reservatório para armazenar água e gera emprego para muitos pais de família na construção ou limpeza das mesmas.
O presidente citou, por exemplo, a construção de 2.400 cisternas nos últimos quatro anos e que tem como objetivo possibilitar à população o acesso a uma estrutura simples e eficiente de captação de água da chuva e de aproveitamento sustentável dos recursos pluviais, ampliando as condições de acesso à água potável das populações rurais de baixa renda da região.
O sindicalista disse ainda que as construções das cisternas é resultado de uma parceria do SINTRAF com o Movimento de Organização Comunitária (MOC) e Articulação no Semi-Árido (ASA), através Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), com recursos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). “Atualmente estão em construção 144 unidades nas comunidades de Açude da Aroeira, Lagoa Ferrada, Cachorrinha, Balagão e região do Distrito de Salgadália”, ressaltou Urbano de Carvalho.
O vereador Edvaldo Evangelista (PT), acompanhou a equipe do CN a ao povoado de Lagoa Ferrada, onde estão sendo construídas as cisternas e esclareceu sobre a execução do programa, a seleção das comunidades e famílias a serem beneficiadas e a capacitação dos pedreiros. As comunidades a serem beneficiadas são escolhidas tendo como critério a dificuldade de acesso à água e o nível de renda e condições socioeconômicas das comunidades. Já a seleção das famílias beneficiárias deve levar em consideração os seguintes critérios de priorização: famílias chefiadas por mulheres; maior número de crianças de 0 a 6 anos; maior número de crianças em idade escolar; maior número de pessoas portadoras de necessidades especiais; e maior número de idosos.
O parlamentar lembrou também que SINTRAF mantém parcerias para construção de mais cisternas com o programa Água para Todos, através do governo do estado, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), e o governo federal, via Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
As cisternas de consumo contam com capacidade para armazenar 16 mil litros de água captados diretamente do telhado das residências nos períodos de chuva, custa R$ 1.500 cada e permite o abastecimento humano (água para beber, cozinhar e higiene) durante os meses de estiagem, ou seja, normalmente oito meses para atender a uma família de cinco pessoas, considerando que cada pessoa gasta, em média, 14 litros de água por dia.
Dentro das ações visando armazenamento d’água desenvolvida pelo SINTRAF, foram construídas 20 cisternas de produção com capacidade para armazenar 52 mil litros d’água. Um delas foi construída na residência da agricultora Maria Helena de Oliveira, situada na Fazenda Cajazeira, na região do Distrito de Juazeirinho. Também conhecida com cisterna de enxurrada, ela colhe água escoada do chão, possui um dispositivo de decantação para que a areia não penetre na cisterna, são hermeticamente fechados para não evaporar e anualmente devem ser limpas e há como limpá-las.
A região da Cajazeira não possui sistema de abastecimento d’água e todas as barragens, tanques pequenos e cisternas estão secos a mais de um ano e no período atual de seca, as únicas famílias que ainda tem água de chuva são exatamente aquelas que foram beneficiadas com a cisterna de enxurrada, pois guardam 50 mil litros. O agricultor Robson Almeida Anunciação, é testemunha da importância da barragem, pois diariamente transporta água para abastecer sua família, que reside vizinha a casa de “Dona Helena”, em uma carroça.
“Abaixo de Deus, a salvação de muita gente nesta região é esta cisterna”, externa o agricultor Manoel Souza Oliveira. Ele aproveitou a presença do CN na comunidade e destacou a importância do Sindicato na luta para prepara a zona rural para dotar de espaços para armazenar água e evitar outra situação desta natureza, pois entende que seca é uma coisa natural e sempre acontecerá. “O importante é que possamos ter este momento como exemplo e nos organizar para outras, principalmente buscando armazenar água e aprender a conviver com a seca, pois se trata de uma realidade em nosso sertão”, desabafou o agricultor.
A última vez que choveu na comunidade foi em outubro de 2011 e a mais de um ano que a principal represa da região, o açude de Juazeirinho secou e as famílias estão sendo abastecidas por um poço artesiano, que não vem atendendo a necessidade. Também estão construídas barragens subterrâneas, ou seja, uma tecnologia simples e de baixo custo, que vem despertando boas expectativas, um clima de entusiasmo e devolvendo a esperança de dias melhores às comunidades dos municípios do semiárido baiano.
Foram utilizadas 80 hs de trator para construção de barreiros e trincheiras e a limpeza das barragens comunitárias situadas nas comunidades do Brejo, Lagoa do Saco, região de Onça, Riacho do Morro, Patos, Cabaceiras, Tanque da Bomba, jibóia, Esgoto e Nova Palmares.
“A realidade no Semiárido vem mudando com as ações da ASA e de outros movimentos sociais”, falou Hilda Mercês, secretária do SINTRAF ao CN. Segundo a secretária, através do P1MC e do P1+2, foram muitas famílias beneficiadas, contribuindo com a melhoria da qualidade de vida com os resultados obtidos pelas barragens subterrâneas, cisternas para consumo humano e produção, pois suas ações possuem uma amplitude maior, o que beneficia o campo econômico, o social e o ambiental.
Ela lembrou, por fim, da capacitação de pedreiros, instruções e formação sobre o manejo da água e do solo e intercâmbios municipais e estaduais que contribuíram para o trabalho da articulação e para as famílias agricultoras.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas