Quando a cantora norte-americana, pop star e maluca beleza Lady Gaga, do alto da sua excentricidade disse em seu show semana passada no Rio de Janeiro, que o Brasil é o país do futuro, deu-me uma angústia danada. Já são mais de cinqüenta anos que ouço que seremos o país do futuro; que estaremos entre os primeiros do mundo civilizado e econômico e que o paraíso está por vir. Até hoje espero. Não veio e não sei quando virá.
Mas que futuro é este que não chega, passados tantos anos? Não me disseram que o futuro era a longuíssimo prazo. Não nos informaram que o futuro é uma figura de retórica, uma hipérbole, uma ficção ou no mínimo o Bóson de Higss, a chamada Partícula de Deus. O mais perto possível do que podemos conseguir.
Quando a República foi instaurada o discurso era que o Brasil iria mudar para melhorDepois da Segunda Guerra Mundial o discurso ufanista nos apontava o futuro chegando às portas. Quando Brasília surgiu dizia-se “agora vai!”. Faltou o pique de Usain Bolt.
O Brasil ficou perto do futuro durante o período do “Milagre Brasileiro”, quando o país crescia como nunca, galgávamos pontos em relação à economia mundial, mas depois se viu – com a crise do petróleo – que nosso crescimento era um sonho de uma noite de verão Na era do PT, com o Brasil pertencendo ao Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) países emergentes diz-se que estamos perto do futuro. Mas nossa Nação está em 88º lugar no ranking mundial da educação. Nossa economia fica oscilando entre o 6º e o 7º lugares. Somos o 58º como inovadores. A exclusão social é preocupante.
Tenho pressa pois o tempo urge. Gostaria de ver o futuro já. Todos nos estamos esperando este futuro que ninguém sabe e ninguém vê. O futuro até parece o metrô de Salvador: sabemos que existe, mas não vemos por aí. Quero meu futuro agora! Será que a juventude que se emocionou com a frase de Lady Gaga vai ter também de esperar tanto? Lembrando Castro Alves: “Deus! ó deus! onde estás que não respondes”