INTRODUÇÃO: no estudo desta semana veremos sobre a cobiça de Acabe e Jezabel. Mostraremos, a princípio, o significado bíblico-teológico da cobiça, em seguida, o exemplo de fidelidade de Nabote, e por fim, apresentaremos princípios para vencer a cobiça, especialmente nesses dias, marcados pelo consumismo.
1. A COBIÇA DE ACABE E JEZABEL: A palavra cobiça, no hebraico, é behtsah, geralmente traduzida por ganância, e no grego é pleonaxia, também vertida para o português como avareza. Essa é uma prática antiga, que remete ao Éden, quando Adão e Eva quiseram ser iguais a Deus (Gn. 3.4,5). Antes disso Satanás, tomado pela inveja, quis assumir o lugar do Altíssimo, perdendo sua posição celestial (Is. 14.12-14). Há vários exemplos no Antigo Testamento de pessoas que se perderam por causa da cobiça, o mais conhecido deles talvez seja o de Acã (Jz. 7.14, 18-26). A cobiça costuma estar relacionada à visão, por isso se trata de um pecado dos olhos (Js. 7.21). Por causa da cobiça o ser humano pode fazer males terríveis aos outros, enganar, furtar e até mesmo matar (Gn. 4.1-7). Alguns discípulos de Jesus se deixaram levar pela cobiça, não pelo dinheiro, mas por posição (Lc. 22.24). A pessoa cobiçosa nunca encontra satisfação, pois deseja sempre mais, não consegue estar contente (Ec. 6.7). Foi justamente isso que aconteceu com Acabe, que desejou a vinha de Nabote, cobiçando o que não lhe pertencia (I Rs. 21.2). O monarca israelita queria aquela herdade porque esta estava localizada próxima a sua residência (I Rs. 21.1). O rei estava dominado pelo desejo de possuir, demonstrando ausência de domínio próprio. Esse é um sentimento bastante comum entre aqueles que não encontram satisfação em Deus. Muitas pessoas entram em uma corrida desenfreada por dinheiro, fama e sucesso. Falta-lhes o Senhor na vida, por isso querem compensar essa ausência com coisas. O mandamento de Deus já proibia esse tipo de idolatria, a fim de que o ser humano não se deixasse levar pela cobiça (Ex. 20.17). Jezabel, a esposa do rei, alimentou a sua cobiça, e fez mais que isso, maquinou um plano para tirar a vida de Nabote (I Rs. 21.7-10). Para se apossar daquela vinha ela tramou a destruição da reputação e a morte daquele homem. Não mediu esforços nem as consequências, envolvendo até mesmo os nobres do reino. A ganância tem feito muitos males à política brasileira, muitos políticos agem como Acabe, fazem de tudo para se perpetuarem no poder. Todos os dias vidas são sacrificadas nas ruas, escolas e hospitais por causa da cobiça. Os direitos dos mais pobres são vituperados, enquanto isso uma minoria enriquece injustamente.
2. O EXEMPLO DE FIDELIDADE DE NABOTE: Nabote é um exemplo de fidelidade a Deus, é um homem que não abre mão dos seus princípios. De acordo com a Lei, a terra pertencia ao Senhor (Lv. 25.23), por isso o israelita estava ciente de que detinha apenas uma concessão para explorá-la. Se atentássemos para essa verdade seríamos mais respeitosos com o meio ambiente. Esse era motivo de a terra não poder ser vendida, pois se tratava de uma herança divina (Nm. 36.7). Com essa instrução Deus queria proteger o povo de Israel da cobiça, garantindo-lhe subsistência. Certo pensador disse que a propriedade privada iniciou quando a primeira pessoa cercou uma porção, afirmando lhe pertencer, tendo o crédito das demais. O princípio bíblico permanece, não há fundamento bíblico para grandes latifúndios. Boa parte da terra deste país se encontra nas mãos de pessoas que não a torna produtiva. O direito à propriedade privada é garantido pela Constituição, mas o governo também precisa investir em políticas públicas que assegurem o direito à subsistência. Uma reforma agrária já foi iniciada neste país, mas é preciso ir além, não apenas distribuir terras, mas também dar condições para cultivá-la. Nabote sabia o valor da terra, por isso não se desfez da sua herança (I Rs. 21.3). Ele foi fiel aos seus princípios, mesmo sendo vítima da tirania do governo de Acabe e Jezabel. Mas ninguém se engane, Deus julgará os malfeitores, incluindo os governantes corruptos (Is. 10.1,2), eles receberão a justa recompensa (Lv. 19.15,35) pela opressão aos pobres (Pv. 14.31).
3. VENCENDO O PODER DA COBIÇA: A cobiça se sustenta no amor ao mundo, e nas coisas que nele há e tem a ver com a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I Jo. 2.15,16). Portanto, se trata de uma tentação que precisa ser vencida, pois a concupiscência, uma vez alimentada pela cobiça, gera a morte (Tg. 1.14,15). O sábio escritor foi contundente em relação à cobiça, tendo em vista que essa destrói a vida daquele que a tem (Pv. 1.19). O problema do cobiçoso é que ele não consegue estar contente (Sl. 62.10; Pv. 30.15). Até mesmo dentro das igrejas esse sentimento prevalece, pois há muitos que não conseguem agradecer a Deus pelo que são e pelo que têm (Jo. 10.12,13; At. 20.29). Esses são mercenários cruéis, homens maus, que dizem proteger as ovelhas, mas querem apenas auferir lucros através delas (II Pe. 2.3). A Palavra de Deus é diretamente contra a cobiça, aqueles que a cultivam estão desobedecendo ao Senhor (Lc. 12.13-21; Tg. 4.1.2). Ninguém pode servir a dois senhores, Deus e o dinheiro não podem ocupar a mesma posição (Mt. 6.24). O deus mercado precisa ser destronado, vidas humanas são mais importantes do que o dinheiro. De que adiante o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mt. 16.26). Somente há uma saída bíblica para a cobiça, é o contentamento, distante do que apregoa os adeptos da teologia da ganância. O contentamento é a confiança no Deus que nos provê o necessário, o suficiente (Fp. 4.1,9; Hb. 13.5). A falta de confiança no Senhor gera insatisfação e ansiedade (Mt. 6.25-33). Mas o contentamento nada tem a ver com comodismo (Rm. 12.11; Ef. 4.28). O cristão precisa também ser diligente, trabalhar com honestidade (Pv. 10.4; 11.1; At. 20.33-35). A motivação para o trabalho não deve ser a cobiça, antes a manutenção do lar, e o exercício da generosidade (Ef. 2.10; I Tm. 6.17-19).
CONCLUSÃO: Para alimentar a sua cobiça, Acabe e Jezabel sacrificaram a vida de Nabote, um homem fiel a Deus e de princípios. De igual modo muitos tem sido injustamente tratados para satisfazer a ganância de poucos. Em meio a essa sociedade consumista, que se move à custa da ostentação, precisamos ser vozes proféticas. E tal como Elias, denunciar a injustiça e a maldade, sempre que o direito dos mais pobres for usurpado, alertando a todos a respeito do julgamento divino (I Rs. 21.19,20; At. 17.31). PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!
Estarei sempre as suas ordens.
Deus te abençoe.
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