Excelentíssimo e prezado Dr. Gerivaldo, parabéns pela sua interpretação diferenciada de julgar uma causa.Fiquei feliz em encontrar seu contato, pois sempre tive o desejo de poder agradecer e de testemunhar um BEM que o senhor cometeu que outro juiz com certeza não teria tido esta sensibilidade. Nunca tive a oportunidade de agradecer e de mostrar o quanto somos gratos ao Senhor.
No ano de 1998 eu tinha acabado de concluir meu segundo grau e estava na cidade de Feira de Santana para tentar um vestibular. Minha família muito tradicional e “arcaica” na época me fez retornar a minha cidade com a desculpa de “tomar conta” de um negócio da família. Eu, dependente deles não tive forças para lutar (na verdade me deixei vencer sem lutar) e retornei.
Com apenas uma semana de volta à cidade soube que um primo meu havia sido pego com maconha e estava preso na cidade de Conceição do Coité. Como os pais deste eram bem desinformados e mais arcaicos ainda que meus pais, tomei a frente da situação, passei a buscar as informações do que havia ocorrido para poder ir em busca de um advogado.Na delegacia fui informada pelo delegado que este “meu primo e mais 03 integrantes faziam parte de uma quadrilha e que os demais haviam fugido”. Perdi o chão ao ouvir aquilo, fiquei tremula e o delegado me disse para contratar um certo advogado.
Ao buscar o advogado indicado, o valor cobrado foi absurdo, não se teria como conseguir aquele valor naquele tempo, no prazo que recebemos do advogado e do delegado. Pois bem, ao conversar com este meu primo ele me disse: Não vai contratar este e deixa ele provar que eu sou traficante e me contou a história, que foram sim ao local onde foram pegos comprar para usar e que eram sim usuários. Claro que eu fiquei muito triste com tudo, com a prisão, com a noticia dele ser viciado em maconha, mas eu queria ajudá-lo, afinal era meu parente. Mas, ai surgiu o outro amigo dele, também de família muito tradicional, carente e sem formação alguma. Este meu primo me pediu que incluísse ele no pacote do advogado. Assim, a família deste se aproximou de mim e passei a ajudar os dois. Conheci então este outro e vi que não tinha nada da imagem que eu havia formado dele. Era jovem e eu o imaginava mais velho. Eles foram mesmo enquadrados como TRAFICANTES pelo delegado. Os mesmos apanharam muito para poder tirar fotografias com sacos de maconha. Após contratação do advogado que arrumamos, todos os dias tinha promessa de soltá-los, mas nunca acontecia na data prevista. Ambos foram a julgamento e no dia tive a ousadia de enviar ao Senhor uma carta apelativa, apresentando estes ao Senhor, mostrando que eram filhos de famílias carentes, mas honestas, falando para o Senhor que ambos eram empregados e que se eles fossem inocentados teriam uma vida pela frente e se fossem condenados seriam excluídos da sociedade, não teriam oportunidades de empregos e assim as chances seriam mesmo de se tornarem “marginais”.
Doutor Gerivaldo, não sei se recorda deste caso, não sei se recebeu ou não esta carta, não sei se teve ou não alguma influência, sei que o Senhor foi uma benção na vida destes, ambos são hoje dois homens de bem. Meu primo se casou, continua na vida humilde dele, mas direito e sem drogas na vida. O outro se tornou meu namorado na época, passamos 5 anos juntos, engravidei, tenho uma menina linda de 10 anos de idade, nos separamos, ele já tem nova família, mas é muito, muito meu amigo. Conversamos muito, nos ajudamos muito, é um excelente pai, um excelente profissional e está também livre de drogas.
Então Doutor, queria muito que soubesse que há estas pessoas são eternamente gratas ao Senhor por sua interpretação diferenciada de julgar uma causa. E eternamente fãs do seu trabalho.
Desejo que Deus esteja sempre presente em sua vida e que o sucesso não se canse de bater a sua porta.
Abraços.
I. A. O.
Gerivaldo Alves Neiva – Juiz de Direito da Comarca de Conceição do Coité
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