Depois de uma greve de 115 dias no ano passado, mais de um milhão de alunos da rede estadual de ensino da Bahia voltaram às salas de aula ontem com uma surpresa. Os professores anunciaram que vão aderir à paralisação nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), programada para acontecer nos dias 23, 24 e 25 deste mês.
Antes da notícia da paralisação se propagar, os estudantes participaram de uma aula inaugural no auditório da Escola Parque, no bairro da Caixa D’Água, em Salvador.
A paralisação foi confirmada pela diretora da APLB Sindicato, Marilene Betros. Segundo ela, os professores vão participar de uma assembleia na próxima terça, às 9h, no Ginásio dos Bancários, nos Aflitos. Marilene diz que a categoria reivindica o cumprimento da lei do piso, implementação da jornada e profissionalização dos funcionários da educação.
Procurada, a Secretaria Estadual da Educação afirmou estar ciente da paralisação e que as escolas estarão abertas nos três dias previstos para a mobilização dos docentes.
Estudante da 8ª série, Estefane Rodrigues, 14 anos, lembrou que uma nova paralisação agora só vai prejudicar ainda mais sua vida. “A greve comprometeu meus estudos”, lamentou a adolescente. Estefane pensa em ir para uma escola particular, já que tem planos de prestar vestibular para Medicina. “Na greve, fiquei com medo de perder o ano. E ainda as aulas demoraram para começar. Vou rezar para que não tenha uma nova greve”.
Considerado pelos professores o aluno referência da Escola Parque, Caíque Santos Nascimento, 15 anos, disse estar feliz por voltar às aulas após um mês de férias. “Acho estranho voltar à escola em plena quarta-feira, mas é legal ver amigos e professores”.
Cursando o 2º ano, o jovem tem planos para um futuro promissor, como se preparar previamente para o Enem e depois fazer faculdade de Publicidade. Caíque também sofreu com a greve dos professores e não vê com bons olhos a paralisação neste início do ano letivo. “A última greve foi longa demais, atrapalhou muito. Faltou entendimento entre professores e governo”.
Os colegas Ícaro Santana, 18 anos, Lucas Lopes, 15, e Lismar Sacramento, 18, que fazem o 2º ano, desabafaram ao falar sobre os momentos que viveram. “Para mim não valeu em nada, (a greve) só prejudicou”, desabafou Lucas.
Sobre o retorno às aulas, Ícaro se mostra empolgado. “Este ano entraram professores novos, isso passa uma boa impressão”. Já Lismar torce para que a paralisação fique só nos três dias. “Se prolongar, seremos prejudicados”.
Segundo o secretário da Educação, Osvaldo Barreto, apesar da greve, o governo conseguiu normalizar o calendário, com os 200 dias letivos que devem ser cumpridos. Segundo ele, as matrículas continuam abertas.
Os interessados devem se dirigir à unidade de ensino onde desejam estudar, que pode ou não ter vaga. O ano letivo terminará em janeiro de 2014 e os alunos terão aulas em 12 sábados deste ano.
Mas estão garantidos os recessos de São João e Natal. Com relação aos estudantes que vão fazer vestibular, Barreto garante que não haverá prejuízo. “Eles vão conseguir fazer o Enem em outubro, que hoje é o grande elemento de seleção para as universidades”.