A exoneração do secretário municipal de Serviços Públicos da Prefeitura de Salvador, Fábio Mota foi publicada no Diário Oficial de terça-feira (04), mas, no final da tarde de segunda-feira, o prefeito João Henrique (PMDB), pediu que o chefe da Casa Civil naquele momento, João Cavalcanti, comunicasse a ele que não precisava trabalhar no dia seguinte. Mota era o único remanescente do grupo do deputado federal e ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima na Prefeitura. A medida sela portanto, definitivamente, o afastamento entre eles.
Fábio Mota está demissionário desde o término das eleições estaduais. Ele próprio pediu seu desligamento da Prefeitura, no momento em que o gap entre o prefeito e o PMDB ficou evidente, mas João Henrique não consentiu com a demissão à espera de uma melhor oportunidade para trocá-lo ou mesmo de que aderisse a ele, o que não ocorreu e o momento surgiu agora, quando o prefeito pretende promover uma reforma no secretariado e a Setin, responsável pela gestão, entre outros, do metrô de Salvador, é uma de suas jóias da coroa.
Segundo informações de fontes ligadas ao chefe do executivo baiano, ao pedir a Cavalcanti que comunicasse o desligamento a Fábio, o prefeito teria se emocionado. Teria dito que gosta muito dele e que, nos anos em que conviveram se sentiu seguro com sua gestão na secretaria, mas lamentado que sua fidelidade aos Vieira Lima, os tenha afastado. No lugar dele, entra Ângela Maria Lisboa, diretora de operações da Limpurb. Ela passa a acumular os dois cargos. Na segunda-feira (04), segundo Fábio Mota, ele esteve reunido com o prefeito até as 18h e ás 20h, duas horas depois de encerrada a reunião, recebeu um telefonema do então secretário da Casa Civil, João Cavalcanti, anunciando o seu desligamento da Sesp.
Natural de Valente, assim que soube oficialmente da sua exoneração, Fábio Mota, concedeu uma entrevista ao Rádio Comunidade, programa de jornalismo da rádio Valente FM e disse que entendia a demissão como o fechamento de um ciclo em suas atividades que duraram cinco anos à frente da secretaria. Sobre a decisão do prefeito João Henrique, Fábio admite que foi de cunho político “Ele precisa recompor a base dele em relação à câmara”, disse.
Desde que assumiu a secretária, Fábio Mota empregou muitos conterrâneos residentes em Salvador e quando perguntado sobre o futuro deles, ele afirmou que será natural que ocorram mudanças no quadro de funcionários com a chegada do novo secretário, mas que tentará interceder para que o máximo de pessoas continue em seus cargos.
Declarou também que deixou a pasta municipal melhor do que a encontrou. Entretanto, não deixou de revelar uma mágoa com a forma como foi demitido pelo prefeito, que pediu a um preposto que lhe comunicasse de sua exoneração por telefone.
“Não é o meu estilo, não é assim que eu faria. Mas se ele (João Henrique) acha que esta é a melhor forma de fazer (uma demissão), não posso fazer nada. Ele tem um estilo diferente. Eu não faria desse jeito. Paciência” desabafou. O titular substituído disse também que o fato de ser demitido não o choca ou preocupa porque, segundo ele, os cargos municipais pertencem ao prefeito e ele os ocupa e desocupa quando bem entender.
Entretanto, Mota acredita que fez o melhor pelo órgão. “Saio de cabeça erguida e sentimento de dever cumprido. Fiz o Mercado do Rio Vermelho, o de Periperi, troquei quase toda a iluminação da Orla de Salvador, construi a sede do Salvamar, construí a piscina olímpica do Salvamar, coloquei o mirante, Jet ski lá. É uma pasta muito ativa, que atinge a cidade inteira”, exemplificou.
Futuro político – Sobre seu futuro político, Fábio confirmou que assume a secretaria geral do PMDB no estado, mas adiantou que aguardará novas posições do partido que terá seus “espaços no novo governo federal”. Sobre rumores de uma possível candidatura sua ao governo de Salvador, ele admitiu que o partido pretende ter candidatura própria, mas que ainda é cedo para falar disso, mesmo revelando que estará providenciando a transferência do seu título eleitoral para a capital. “Estamos amadurecendo, é uma idéia que se pode pensar, mas o futuro a Deus pertence” finalizou o ex-secretário sobre a possibilidade de disputar a prefeitura de Salvador.
Da redação