A maior festa popular do município de Queimadas este ano não vai acontecer, pelo menos foi o que disse o prefeito Tarcísio Pedreira recentemente em reunião na Câmara Municipal da cidade, entretanto apoiará o cortejo cultural e os barraqueiros da comunidade.A lavagem é dividida em duas partes:a primeira acontece pela manhã com a parte cultural com desfile de baianas,grupos de folclore,motocicletas, cavalgada, crianças, grupos de danças entre outras atividades que saem do centro da cidade até o alto da igreja de Santo Antônio onde acontece as três voltas em torno do cruzeiro da igreja.Esta parte que tem custo baixo conforme informações do prefeito não tem impedimento de acontecer, mas o que tradicionalmente acontece no fim da tarde e noite com o investimento em bandas, palco, iluminação e toda infraestrutura para realização de uma festa de grande porte está descartada.
“A situação do município para realizar ou não a lavagem, não envolve somente a problemática da seca, no caso envolve também o problema das dívidas antigas, não seria nenhum espanto eu dizer que no momento o município esta quase ingovernável devido ao histórico do município, está quase chegando no limite do sustentável, o momento por que Queimadas passa exige da administração que todas as minhas atitudes sejam para salvar o município, afirmou o prefeito, apontando dívidas de gestões anteriores como um dos pontos que prejudicam a economia da gestão.
Ponto em que Tarcísio ergueu aos olhos da galeria uma pilha de documentos de cobranças para o município, enfatizando que aqueles papéis eram só uma pequena amostra das notificações de dívidas para a atual gerência municipal.
Destacou como exemplo, que havia recebido uma grata notícia a respeito de um processo judicial por dívidas de gestões anteriores, este em questão com ganho de causa para a administração, onde caso o município tivesse perdido a ação teria de ser retirado do FPM R$ 694.758.000 para pagar a cobrança do judiciário, num único julgamento, onde o gestor apresentou em mãos na tribuna a notificação, “se por via legal a justiça entender que devemos pagar uma ação como essa, de onde vamos tirar o dinheiro, irá sair do FPM, verbas que faziam a Lavagem da Igreja, que pagam o salário dos servidores, a limpeza de aguadas, fornecimento, posto de gasolina, limpeza de ruas, iluminação e muito mais e, há verbas das quais não se pode mexer para pagar essas contas, como a da Saúde e a da Educação, mas se por acaso perdemos uma causa ligada a uma dessas áreas, a exemplo da Educação, o dinheiro para pagar não saíra do FUNDEB, que é um fundo da educação, e sim do FPM”, enfatizou o prefeito sobre o tipo de problema enfrentado pela atual administração pública de Queimadas.
Continuando o atual gestor, falou a respeito de questionamentos infundados da população, inferindo que ele iria segurar ou desviar o dinheiro do festejo, onde o prefeito lembrou a todos que não vem verba específica para a Lavagem da Igreja, mas que o recurso do FPM é que pode ser usado para esse fim,
“o recurso do FPM de maio, do qual poderia ser retirada verba para a festa, no último dia 10 foi descontado do dinheiro da Prefeitura R$ 312.000 só de INSS de empresa, o dinheiro chegou para a Prefeitura, mas o Banco do Brasil bloqueou e repassou para o INSS, num período de seca desse, num período de queda de FPM, numa escassez dessa e o INSS leva uma quantia dessas, fica complicado”, disparou Tarcísio, demonstrando a realidade adversa que complica a viabilidade de investimentos na tradicional festa local.
Na sequência o gestor fez a leitura do ofício do TCM (Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia) do dia 04 de Abril deste ano, onde o tribunal deixa uma advertência de regulamentação de gastos com festejos para os municípios baianos por causa das dificuldades resultantes da seca prolongada na região, impondo que sejam adotadas medidas para minimizar efeitos danosos, pelo fato de que muitas festividades nordestinas tradicionais requerem por vezes vultuosas despesas, determinando então o TCM aos inspetores Regionais do órgão que exerçam fiscalização rigorosa no sentido de apurar se os municípios atingidos pela seca estão promovendo tais festejos sendo a matéria a posteriori objeto de apuração pelo egrégio plenário, inclusive no que diz respeito à razoabilidade dos gastos, face as dificuldades da estiagem, sendo que, na medida em que fique evidente o procedimento fora do razoável por parte de qualquer gestor, que seja lavrado contra esse prefeito um termo de ocorrência.
“ Por esses motivos, não tenho receio em dizer que não vamos realizar a festa da Lavagem da Igreja, é uma atitude difícil, principalmente para um prefeito como eu que gosta muito de festa, mas é melhor sofrer com desgaste político, pessoas falando mal na rua, por uma atitude responsável, do que ser atacado na rua por uma ação irresponsável, e a nossa atitude é uma atitude responsável pensando no bem do município”, declarou o prefeito municipal, mostrando equilíbrio e responsabilidade ao governar o município, em contramão a ações de cunho político que visariam atender interesses, em nome de popularidade e prejudicando Queimadas, trabalhando a atual administração em nome da coletividade e do bem comum.
Continuando Tarcísio disse respeitar e apoiar a realização do cortejo cultural e que apoiará na medida do possível toda a movimentação, ficando quaisquer outras iniciativas na responsabilidade de quem as organize, “o município pode fornecer um lanche, água mineral, podemos mandar pintar os meios-fios, limpar a cidade, lembrando que gari só não limpa, tem que ser mutirão, o que demandaria de 20 a 30 pessoas para limpar a cidade e só num mutirão desses vai quase 20 mil reais para limpar, esses gastos são enormes, mas me reunirei com os barraqueiros, haverão as missas no Alto Santo Antônio, a Prefeitura estará sim, disponibilizando os toldos, as barracas para os barraqueiros do município venderem cerveja, bode, etc. e, estarei analisando a possibilidade de nos finais de semana estar colocando bandas locais lá em cima e pronto, é o que o município pode fazer, no mais não temos condição”, afirmou o prefeito, destacando que a Prefeitura tem sim, dinheiro em caixa, mas que este é para resguardar o município de problemas que podem advir, com as cobranças do INSS anteriormente citadas.
Da redação CN * informações PMQ On-Line, Aslan Si.San/ fotos: Arquivo CN