Ao adotar o nome de Francisco, o Cardeal Jorge Mario Bergoglio assumiu para com o povo de Deus um compromisso de humildade. E os seus primeiros movimentos demonstraram não se tratar de mera figura retórica e sim de uma nova visão, ou revalorização, do que verdadeiramente seja a Igreja de Pedro.
Sua vinda ao Brasil, a pretexto de participar da Jornada Mundial da Juventude, coincidiu com um rico momento em que a nossa população retomou as ruas, num surto generalizado de indignação. E o Papa se mostrou sensível aquele clima reivindicatório.
Dispensando mordomias, distribuindo simpatia no contato direto com as pessoas por onde passou, o Bispo de Roma foi entre nós aquilo que S. Francisco pediu a Deus para ser: um instrumento de paz. E essa paz só será alcançada quando os homens dialogarem de igual para igual. E no caso da Igreja, ela tanto contribui para a harmonia entre os povos quanto mais estiver no meio dos homens. E foi justamente o que fez o Sumo Pontífice, inclusive abraçando aos demais credos, numa clara defesa da tolerância para com as diferenças.
Num instante em que as instituições nacionais estão sob forte crise de credibilidade, o Papa nos aponta um caminho para o resgate da confiança abalada. Basta coerência entre o discurso e a prática e uma prática de virtudes para cair nas graças do povo. Não foi por menos que Ele não precisou do esquema destinado a sua segurança pessoal, a qual foi garantida por sua própria autoridade, mesmo estando preso em um engarrafamento.
Essa autoridade do Papa é apenas moral. E fica para nós, enquanto sociedade organizada, e não apenas para os que militam na política como uma lição a ser seguida.
Quem acompanhou com o mínimo grau de atenção os protestos de junho verificou que o inconformismo das pessoas não se dirigia apenas contra os Governos, mas também contra empresários, líderes sindicais, certos costumes arraigados pelos mais variados segmentos sociais. Logo, se o povo foi às ruas protestar contra todo um estado de coisas e também foi às mesmas ruas para abraçar um Pastor despojado dos louros do seu cargo, então temos que fazer uma correção de rumos.
Da mesma forma que os homens precisam acreditar em suas religiões, também a nação necessita acreditar em suas instituições, sejam elas políticas, empresariais, classistas, eclesiásticas, etc. Para isto, faz-se indispensável que os indivíduos, de todos os gêneros, parem de vulgarizar o “é dando que se recebe”, e sejam aqueles que, onde houver dúvidas, levem a fé.
Alex Lopes * Empresário, Vice prefeito e secretário de Saúde de Conceição do Coité