Cresce mais de 600%, na Bahia, o número de crianças recém-nascidas expostas ao vírus HIV (da Aids), nos últimos 5 anos. Este dado tão alarmante é um dos temas principais do 9º Congresso Brasileiro de DST e o 5º Congresso Brasileiro de Aids, evento que reúne especialistas para discutir estratégias de ação na prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis, de 18 a 21 deste mês, no Hotel Pestana, Rio Vermelho.
Segundo dados registrados pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep), da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), através do Programa Estadual DST/HIV/Aids, entre os anos de 2008 a 2012, a Bahia acumulou um número alarmante de casos de crianças expostas ao vírus HIV, ou seja, filhos de mães portadoras desta infecção, mas que não receberam o tratamento que envolve todo um processo desde o útero até pós-nascimento.
No estado, em 2008, foram registradas 37 crianças expostas ao HIV, em 2012 esse número se elevou para 279. Em Salvador, no mesmo período houve um acréscimo de 23 em 2008, para 144 em 2012. Entretanto, na Sesab não existem dados exatos do número de crianças que foram infectadas pelo HIV.
O presidente da Regional Bahia da Sociedade Brasileira de DST e presidente dos congressos, Roberto Fontes, afirma que um dos problemas cruciais está ligado ao sistema de saúde, principalmente na região Nordeste, porque o número de crianças expostas é sempre maior que o número de gestantes com o vírus, o que significa que há falha na detecção da doença nestas mulheres. “Não sabemos exatamente qual o problema na falha destes diagnósticos”.
Fontes explica que para evitar a transmissão vertical (da mãe para o bebê), a gestante infectada pelo HIV deve receber anti-retrovirais a partir da 14ª semana de gestação.
Segundo o especialista ainda no parto é utilizada o AZT venoso, e no nascimento do bebê, a cesárea é a opção mais segura. A mãe não pode amamentar, é dado um remédio para secar o leite, e esse recém-nascido tem a fórmula láctea garantida pelo Ministério da Saúde até os seis meses de vida. O tratamento na criança continua até a 6ª semana de vida com o uso do AZT em xarope e ela é acompanhada por 18 meses.
Risco cai para menos de 1%
O médico chama a atenção que caso a gestante não faça este tratamento, as chances de transmissão vertical do HIV chegam a 33%. Seguindo todo o protocolo, o risco de a criança adquirir a infecção da mãe cai para menos de 1%. Filhos de mães portadoras da infecção que não receberam o devido tratamento durante a gestação podem, de fato, ter adquirido a infecção.
Os mesmos dados apontam que no ano de 2008 a Bahia apresentou 250 gestantes infectadas pelo HIV e Salvador 119 gestantes na mesma situação.
“Esses dados revelam que houve melhoria no diagnóstico de atenção a criança exposta ao HIV, porém, como o número de gestantes é menor do que o número de crianças podemos pensar que, no nosso meio, o diagnóstico da infecção pelo HIV na gestante e a adoção imediata das medidas para a interrupção da transmissão vertical de HIV permanecem como um grande desafio, e sem dúvidas este será um dos assuntos mais discutidos no evento que tem como mote: DST, Indispensável repensar o cuidado”, afirma Roberto Fontes. O número de casos novos de Aids no país é em média 36 mil casos por ano. Foram notificados, entre 1980 e junho de 2012, 656.701 da doença, enquanto o número de óbitos por ano foi de aproximadamente 11,5 mil.
No mundo, de acordo com o Relatório pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) indica que 34,2 milhões de pessoas vivem com HIV no mundo, sendo 30,7 milhões de adultos, 16,7 milhões de mulheres e 3,4 milhões de menores de 15 anos.
Com informações do IG*