Dia 2 de Novembro consagrado aos finados, seguramente é o dia do ano que recebe o maior número de pessoas nos cemitérios, que vão prestar homenagens, fazer oração, ascender velas e depositar flores nos jazigos dos entes queridos.
Em Conceição do Coité tradicionalmente a maior movimentação acontece pela manhã, após a celebração da missa dedicada aos mortos. Em frente ao cemitério municipal do centro da cidade, onde está sepultada a maior parte do povo coiteense, várias empresas do ramo funeral montaram toldos e levaram estrutura para atender os visitantes com água, chá, café, e até enfermeiros com o trabalho de aferição de pressão arterial.
Para quem deixa a residência sem velas e flores, também pode encontrar algumas bancas que estão vendendo esses objetos na entrada do cemitério.
No interior da necrópole muita tristeza e comoção das pessoas ao lado das sepulturas, como é caso da dona de casa Maria Sirleide Vieira da Mota, 67 anos, moradora do Bairro Mansão, que ascendia velas para sua mãe (morta há 37 anos), pai ( 20) e uma filha (9). Segundo ela estando próximo a sepultura dos parentes é mesmo que está no céu.
Sirleide sofre mais, por praticamente viver sozinha, segundo ela teve 28 filhos, perdeu quatro e têm 24 vivos só que nenhum mora com ela e tem o marido com problema de depressão. “Tenho muita tristeza, pois meus filhos estão no Paraná, Salvador, São Paulo e até mesmo na nossa região, a gente se fala por telefone, mas não é a mesma coisa, gosto é de abraçar e sentir perto”, lamentou com lágrimas nos olhos.
A dona de casa disse que a única filha a caçula que morava com ela, morreu há nove anos, quando tinha 16 anos, depois de sentir uma dor de cabeça na escola, passou pelos hospitais de Coité, foi transferida para Salvador onde acabou morrendo. Disse que a vontade que tem quando chega ao cemitério é levar os parentes para casa, garante que conversa com eles, pede ao pai para vim buscá-la e a filha diz para ela se cuidar mas não chorar, pois ela (falecida) fica sofrendo.
O oficial de Justiça Juscelino Bonfim esteve na sepultura da sua mãe Lúcia Souza Bonfim que faleceu em Valença no dia 4 de março de 2009 foi sepultada naquela cidade, mas depois de 2 anos a família resolveu exumar os restos mortais e trazer para Conceição do Coité onde residiu sua mãe maior parte da vida, ela que era natural de Ituberá.
Juscelino está vivendo outro momento de tristeza, pois, segundo ele, seu irmão conhecido por Bonfim está em fase terminal depois de sofrer uma queda e bater violentamente a cabeça no chão. “Bonfim está internado no Hospital Roberto Santos em Salvador e o estado é gravíssimo e já foi constatada morte cerebral”, disse Juscelino.
Mato no cemitério dificulta acesso às sepulturas e deixa visitantes revoltados
O CN sempre esteve presente no cemitério municipal para reportar esse momento de tristeza, e acaba encontrando também muita revolta por parte dos visitantes que reclamam da quantidade de mato que dificulta o acesso até as sepulturas, principalmente no lado direito próximo ao portão de entrada.
O referido local é bastante úmido o que facilita a proliferação do mato com rapidez e para que tem ente querido sepultado naquelas imediações sofre pela perda e pelo desconforto oferecido, que para muito é uma falta de respeito ao que partiram dessa vida.
O casal Margledson Santana e Manuela Santana lamentou a sujeira, Manuela que foi visitar a cova da avó falecida em 2011 disse que precisou arrancar com as mãos o mato entorno da sepultura.” Será que está assim abandonado porque foi feito um cemitério novo?” Questionou.
Para Margledson o espaço deve ser mantido limpo sempre, mas caso não seja possível pelo menos no dia de finados é pra está limpo.
O CN tentou manter contato com a assessoria do prefeito Assis para saber por que não foi realizada a limpeza e a resposta veio que a empresa responsável havia realizado a remoção do mato e até ontem (1º novembro) esteve lá dando a manutenção.
A nossa reportagem observou que realmente aconteceu à limpeza em boa parte, mas deixou da fazer numa área onde a quantidade de mato é maior.
O movimento tende a aumentar no fim da tarde no cemitério. Outro cemitério em Coité, o Recanto da Saudade (foto arquivo) que fica próximo ao açude de Itarandi é outra local onde está sendo visitado por familiares e amigos.
Texto e fotos: Raimundo Mascarenhas