Um fato polêmico chamou a atenção de parte da população coiteense, de modo especial do Distrito de Salgadália, depois que um homem deu entrada no Hospital Regional na manhã de sexta-feira,29, com grave ferimento na virilha depois de sofrer uma crise de epilepsia e cair sobre um copo de vidro,vindo a óbito no início da tarde, depois de ser atendido na emergência da referida unidade de saúde.
O acidente aconteceu por volta das 09h30 e segundo os familiares de Ivanilson Rocha Freitas, 26, ele estava tomando café com um copo, quando sofreu um ataque epiléptico. O jovem estava junto a avó, com quem morava, já que seus pais residem em Salvador e vieram tão logo tomaram conhecimento do ocorrido.
José Raimundo Bispo dos Santos (foto) agente de saúde e tio da vítima, disse ao CN que o jovem perdeu muito sangue, pois um pedaço de vidro perfurou a veia femural, ele deu entrada consciente e conversando, foi atendido e ficou em observação, mas infelizmente não resistiu”, contou o tio.
A tia Maria Noemia que juntamente com Raimundo acompanhou todo drama, disse que a equipe médica fez o que pôde,atuou com eficiência, realizou uma pequena cirurgia mas ele estava debilitado por ter perdido muito sangue.” O doutor Éneas me chamou e disse: a situação dele não é boa, ele apresentou forte anemia e do jeito que se encontra sem um transporte adequado (UTI móvel), é muito difícil. Ai me disse que o quadro se agravava a cada momento e não sabia se resistiria até às 14h, e infelizmente ele acabou morrendo, narrou Nonó como é conhecida.
Polêmica
A satisfação pelo atendimento imediato foi transformada em revolta no momento que tentava retirar o corpo, segundo os familiares enquanto todos aguardavam o médico para entregar o atestado de óbito, ele não mais foi visto e ao chegarem na secretaria do Hospital havia um comunicado que o corpo só deveria sair mediante presença da Polícia por entender que a morte foi de causa violenta e por lei o hospital não pode expedir a guia, ficando sob a responsabilidade da Policia Civil.
Os familiares foram até a Delegacia já no inicio da noite e segundo o policial de plantão Rosalni Cardoso conhecido por “Pesadelo” e pediu que registrasse no livro a causa da morte (citada acima) e em nenhum momento acusaram ou ameaçaram acusar o hospital, por entenderem que o mesmo Ivonilson morreu em consequência de ter caído sobre um copo e o vidro provocou perfuração em área vital do corpo.
Pesadelo foi ao hospital e segundo ele, ao contactar com o delegado, João de Oliveira Farias Filho, o mesmo disse que naquela situação não competia a Delegacia. A policia civil então se recusou a prosseguir o processo para retirar o corpo. Dai em diante foi um tentativa dos familiares junto a equipe de plantão para levar o corpo, mas sem sucesso, pois uma das enfermeiras mostrou o relatório deixado pelo médico e deveria ser cumprido.
Ao ouvirem dos familiares que o objetivo era somente retirar o corpo e não havia nenhuma intenção de processar o hospital, pelo contrário estavam satisfeitos pelo que foi feito, funcionários passaram ligar para o diretor e médico Éneas Araújo, mas não conseguiram falar. Enquanto isso, dezenas de pessoas estavam na residência da família na comunidade onde o rapaz morava e depois de passarem a noite e nada do corpo chegar, resolveram ir até o hospital, preocupado com uma manifestação de revolta, o porteiro optou por fechar a grade e deixou parentes e amigos ainda mais revoltados, mas não houve nenhuma manifestação.
Por volta das 09h deste sábado, o diretor chegou e disse que não imaginou que fosse gerar tudo aquilo que não tinha precisão. ” Deixei um relatório conforme pede a lei, a morte foi considerada violenta e nesse caso eu como médico não legista não posso atestar o óbito, cumprir o que manda o regulamento, se preciso for responderei na justiça, mas não passo por cima da lei”, disse o Éneas Araújo na presença do policial civil, do secretário de Saúde Alex Lopes,do secretário de Comunicações e Relações Institucionais Valdemí de Assis e familiares da vítima, enquanto mostrava o relatório deixado por ele recomendando a Polícia retirar o corpo. O médico justificou o não atendimento das ligações ao sono que segundo ele estava muito cansado pelo plantão e não ouviu as ligações, ” gostaria de deixar claro que não quis impedir a retirada do corpo, só pedi que fosse feita a retirada como pede a lei que conheço nos meus trinta anos de medicina.” concluiu Araújo.
Por fim, com a presença de advogado Fagner Ferreira foi proposto um acordo entre os pais do falecido e o diretor do hospital assinando um termo relatando a entrada, os procedimentos realizados e o óbito ocorrido naquela unidade, que deverá ser utilizado posteriormente para um possível pedido da declaração de óbito através da Justiça.
Assim, sem a guia do Hospital e sem o carimbo da Delegacia de Polícia o corpo não passou por necropsia, já em estado de putrefação foi retirado por uma equipe de funerária que levou até a empresa para cumpri os procedimentos básicos e em seguida levar para residencia da família para realização do velório.
Por: Raimundo Mascarenhas