•INTRODUÇÃO
Os cristãos do primeiro século enfrentaram perseguições, por causa disso alguns deles abandonaram a fé, e retornaram às práticas judaicas. Tiago, em consonância com o autor da Epístola aos Hebreus, conclama seus leitores a permanecerem firmes. O primeiro apela à sabedoria do alto, que se materializa na disposição para enfrentar a provação, sem negar a fé. No estudo desta semana veremos a respeito dessa sabedoria, que deve ser demonstrada, sobretudo, em humildade, na confiança em Deus, que é o provedor dessa sabedoria, diferente da humana ou diabólica.
•1. SABEDORIA DO ALTO NA PROVAÇÃO
A falta de maturidade é uma demonstração de ausência de sabedoria, aqueles que não sabem lidar com as adversidades revelam infantilidade. Jó é um exemplo bíblico de sabedoria na provação, ao invés de blasfemar contra Deus, prostrou-se em terra em adoração, e disse: “nu sai do ventre da minha mãe, e nu partirei, o Senhor o deu, o Senhor o levou, louvado seja o nome do Senhor” (Jó. 1.20). Esse tipo de cristão está em extinção nos dias atuais, isso porque a ênfase no hedonismo está favorecendo um tipo de fé superficial, que beira à mediocridade, que não admite passar por situações adversas. Para Tiago a verdadeira sabedoria, tal como aquela expressa nos Provérbios, é prática e tem a ver com a convicção de fé, mesmo quando as coisas não acontecem do jeito que desejamos. O insensato, em Provérbios, é aquele que deixa de reconhecer suas limitações, que se fundamenta na autos suficiência, que acha que pode descartar Deus (Pv. 26.12). Existem esses até mesmo entre os que se dizem cristão, tais precisam pedir sabedoria para enfrentar os momentos difíceis, ao invés de negá-los. A palavra pistis em grego, geralmente traduzida por fé, traz nessa Epístola, a conotação de fidelidade. Para Tiago ter fé é mais do que acreditar, trata-se de uma disposição para enfrentar a provação. A demonstração da fidelidade resulta em obediência (Tg. 2.14), que não se deixa mover pelas circunstâncias (Tg. 1.6). Como fez Salomão, devemos pedir a Deus a sabedoria necessária para fazer a diferença entre a verdade e o engano (II Rs. 3.7-9). A sabedoria que o monarca recebeu era de Deus, não dos homens. De vez em quando os cristãos são rotulados de ignorantes, e isso tem um fundo de verdade. Deus destrói a sabedoria dos sábios segundo o mundo, que fundamentam seus argumentos em axiomas. Por isso, para aqueles que não confiam nas promessas de Deus, a mensagem da cruz é totalmente absurda (I Co. 1.24-26). A loucura da pregação nos convida a confiar no Senhor, de todo coração e a não nos apoiar em nosso próprio entendimento (Pv. 3.5,6).
•2. O VALOR DA SABEDORIA DO ALTO
A importância da sabedoria para o cristão é o próprio Jesus Cristo, nEle estão escondidos todos os tesouros da sabedoria (Cl. 2.3; I Co. 1.24). O autor de Provérbios encerra em poucas palavras seu valor: “Como é feliz o homem que acha a sabedoria, o homem que obtém entendimento, pois a sabedoria é mais proveitosa do que a prata e rende mais do que o ouro […] a sabedoria é árvore que dá vida a quem a abraça; quem a ela se apega será abençoado (Pv. 3.13,14,18). Essa sabedoria não é terrena, ou melhor não é deste mundo (Tg. 3.15), que é pura tolice, ao ser comparada com a sabedoria de Deus. A construção da torre de Babel é um exemplo do que pode fazer a sabedoria humana (Gn. 11.9). O projetos humanos tem causado muita desilusão, principalmente quando destituídos da orientação divina. A ciência tem trazido muitas contribuições para a sociedade, mas infelizmente tem servido mais para o mal do que para o bem. As grandes invenções estão a serviço dos interesses da minoria, pouco investimento tem sido feito na solução dos problemas sociais. O avanço do conhecimento não é proporcional à sabedoria, somos capazes de fazer viagens espaciais, mas não sabemos como conviver com nossos vizinhos. O otimismo da ciência, influenciado pelo Positivismo de Comte, está em declínio. A pós-modernidade é justamente a desconstrução dos valores cientificizados, até mesmo a confiança na educação está abalada. A formação acadêmica não é garantia de uma ética pautada no respeito ao próximo, sobretudo do temor a Deus, que é o princípio da sabedoria (Pv. 1.7). Para Tiago a sabedoria de Deus é espiritual, não é física, do grego psykikos, ou natural. Se diferencia também por não ser demoníaca (Tg. 3.15), os conhecimentos humanos podem ser projetos para a mentira (Rm. 1.18-25), para semear o ódio e a discórdia. A verdadeira sabedoria provém do alto, ela não é resultante apenas de lógica, mas da oração, de momentos de intimidade com Deus (Tg. 1.5). A palavra de Deus é o fundamento dessa sabedoria, pois ela nos torna sábios para a salvação (II Tm. 3.15).
•3. A DEMONSTRAÇÃO DA SABEDORIA DO ALTO
A sabedoria que não provém de Deus é falsa, e se manifesta através da inveja que causa amargura (Tg. 3.14,16). A sabedoria dos homens, pautada no egoísmo, busca apenas o interesse próprio. Existem até aqueles que se ufanam da religiosidade, como faziam os fariseus dos tempos de Jesus (Mt. 6.1-18). O conhecimento bíblico acumulado não garante que o detentor é uma pessoa sábia. Existem casos de pessoas que tem muito conhecimento, mas não são amorosos, é justamente o amor que equilibra o conhecimento, e revela sabedoria (I Co. 8.1). A ética do amor é a base da verdadeira sabedoria, os cristãos que são sábios amam, tanto a Deus quanto ao próximo (Mt. 22.37,38; I Co. 13). O sentimento faccioso é uma característica da sabedoria meramente humana (Tg. 3.14, 26). A palavra eritheia dá ideia de partidarismo, um dos sentimentos predominantes na igreja de Corinto (I Co. 1.10-13). Os cristãos que amadureceram na fé não vivem em disputas, não estão preocupados em conseguir espaço, não perseguem os holofotes. Essa é uma sabedoria vã, no sentido bíblico de vaidade, que passa, é efêmera, temporária (Ec. 1.1,2). É uma pena que muitas pessoas estão se digladiando dentro das igrejas por causa de espaço. As disputas políticas no contexto eclesiástico é uma demonstração de falta de sabedoria. A sabedoria do alto, que vem de Deus, nos conduz à mansidão, não se exaspera, não perde o controle (Tg. 3.13). A sabedoria do alto, que vem de Deus, nos impulsiona para a pureza. A santidade é uma marca do cristão que busca agradar o Senhor, que não se envolve com o mundanismo, que não ama as coisas do presente século (Rm. 12.1,2). A sabedoria do alto faz sossegar a nossa alma (Tg. 3.17), e nos dá a paz que o mundo desconhece (Jo. 14.27). Essa é uma paz que excede todo entendimento (Fp. 4.6,7), sendo resultante do fruto do Espírito (Gl. 5.22).
•CONCLUSÃO
Vivemos na era do conhecimento, as pessoas estão envoltas de informações, algumas deles extremamente desnecessárias. Os cristãos, em meio às adversidades da vida, devem buscar a sabedoria de Deus, que vem do alto. Essa sabedoria está fundamentada no amor, na paz de Deus que excede todo entendimento. Além disso, ela é tratável, aberta à revelação de Deus, cheia de misericórdia, se preocupa com os necessitados. Essa, portanto, é uma sabedoria prática, que produz frutos, dignos de arrependimento (Mt. 3.8), demonstrada em imparcialidade, não se deixa cooptar pelas conveniências, não é fingida. Busquemos, pois, a sabedoria de Deus, que diferentemente da sabedoria do mundo, não produz problemas e resulta em bênçãos espirituais (Tg. 3.16-18). PENSE NISSO!
Deus é Fiel e Justo!
E-mail: Teinho Silva