Uma mulher de 27 anos e o namorado, de 43 anos, foram presos em flagrante após o filho dela, um menino de três anos, morrer queimado dentro do quarto de um motel no município de Pilão Arcado, a cerca de 760 km de Salvador. A informação foi confirmada ao G1 na última quarta-feira (20), pelo delegado da cidade, Anóbio Dionísio, que investiga o caso.
Segundo a polícia, a criança foi deixada pela mãe em um dos quartos do motel, que é de propriedade do namorado, enquanto ela e o homem ficaram em outro aposento. O caso ocorreu na noite de terça-feira (19), no bairro da Farofa.
Segundo a polícia, enquanto o garoto estava sozinho, um ventilador que estava ligado pegou fogo, as chamas atingiram um colchão e a criança foi carbonizada. Conforme o delegado, a suspeita é de que o menino estivesse dormindo no momento do incêndio.
“Ela ficou num quarto que tem ar-condicionado com o namorado e deixou o filho, de apenas três anos, sozinho em outro [quarto] com um ventilador. O motel fica num local ermo e tem uma fiação bem atinga. O ventilador do quarto onde o menino ficou era velho e tinha marcas de desfiamento. O ventilador esquentou, soltou faíscas e pegou no colchão. O menino foi asfixiado e depois carbonizado, porque provavelmente estava dormindo”, destacou Anóbio Dionísio.
Conforme o delegado, o motel não tem licença para funcionar e está com alvará vencido há cerca de três anos. Segundo o Dionísio, a mãe, o namorado e a criança teriam chegado ao local por volta das 20h30 de terça-feira, e o incêndio ocorreu cerca de três horas depois, às 23h30.
A mãe e o namorado, ainda de acordo com o delegado, vão ser indiciados por abandono de incapaz, mas também podem responder por homicídio.
“Ela [mãe] tem o dever jurídico de ser guardiã do filho e ele [o namorado] tem dever jurídico de ser vigilante do estabelecimento, porque é o dono. Além disso, ele também concordou em deixar o menino sozinho no quarto. Vão responder por abandono de incapaz, mas vou ouvir mais testemunhas e, com o avançar das investigações, também podemos indiciar os dois por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar”, destacou o delegado.
O pai biológico da criança, segundo o Dionísio, é separado da mulher há cerca de cinco anos e tentava, na Justiça, conseguir a guarda do filho.
“Ele estava tentando a guarda do menino por causa das atitudes da mãe. Ele disse que ela sempre saía com o namorado e levava a criança para locais inadequados. Ela e o pai do menino não chegaram a se casar, apenas viveram juntos. Ele [o pai biológico] foi ouvido apenas informalmente e vai prestar depoimento amanhã [quinta-feira, 21]”, disse o delegado.
Anóbio Dionísio disse, ainda, que testemunhas já ouvidas pela polícia afirmaram que o garoto tinha medo do namorado da mãe, que já foi preso esse ano por agredir a mulher. “Ele foi preso por violência física contra ela [mãe da criança] em abril desse ano, mas foi solto”, afirmou o investigador.
A Justiça decretou na manhã desta quinta-feira (21), em Pilão Arcado as prisões preventivas da mulher e do namorado.
G1.com