Beliche de cimento, um banquinho, um vaso e uma pia. O ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) passou a noite isolado em uma cela na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.
Cunha foi levado às 9h desta quinta-feira (20) para fazer exames de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML), procedimento padrão para presos. Sem algemas, Cunha ficou cerca de 10 minutos na PF. Em seguida, ele foi levado de volta para a carceragem. Segundo a PF, Cunha terá um horário para o banho de sol diferente dos outros presos.
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi preso nesta quarta-feira (19) em Brasília. A notícia da prisão do homem que é apontado como arquiteto da destituição da ex-presidente Dilma Rousseff agitou a quarta-feira em Brasília. Ele foi capturado, preventivamente, perto do prédio onde mora na capital federal, por ordem do juiz federal Sérgio Moro. A prisão foi decretada no âmbito da Operação Lava Jato, informou a Polícia Federal.
Após o anúncio da prisão de Cunha, a Câmara dos deputados parou. O presidente interino da casa, Waldir Maranhão (PP-MA), encerrou a sessão, adiando mais uma vez a votação de emendas do projeto de lei que altera as regras de exploração do pré-sal. A instalação da comissão que vai tratar da reforma política também foi adiada. O retorno do presidente Michel Temer, em viagem ao Japão, também foi adiantado, embora o Palácio do Planalto negue que isso tenha relação com a prisão.
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Cunha embarcou para o Paraná às 15h, no horário de Brasília. Desembarcou em Curitiba às 16h50, segundo a Polícia Federal. Nesse intervalo, aliados e adversários do ex-presidente da Câmara já discutiam de maneira reservada e abertamente a possibilidade de uma delação premiada.
O anúncio
Foi o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) quem deu a notícia da prisão de Eduardo Cunha. Adversário político do ex-presidente da Câmara, o deputado do PSOL disse esperar que o peemedebista tenha amplo direito de defesa durante o processo.
Não houve grandes manifestações dentro do plenário. Fora dele, os parlamentares se concentraram na busca de informações sobre o processo. Com a Câmara vazia, a votação de emendas ao projeto de lei que altera as regras de exploração do pré-sal ficou para quinta-feira. Pelo mesmo motivo, a instalação da comissão especial da reforma política na Câmara foi adiada para a próxima terça-feira.
Membros do Conselho de Ética da Câmara defenderam que o peemedebista faça delação premiada para ajudar “a passar o país a limpo”.
“Se ele tem algo a revelar, acho bom que o faça. É preciso tirar debaixo do tapete muita coisa que estava escondida. Acho que é um bom momento”, disse o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que foi relator do processo de cassação de Cunha.
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Embora a prisão já fosse esperada há meses entre os ex-colegas de Cunha, o fato do juiz Sérgio Moro decretar sua prisão preventiva surpreendeu o ex-relator. Para Rogério, Cunha foi preso ou porque continuou cometendo crimes, ou pode ter ameaçado testemunhas, destruído provas ou dificultado o prosseguimento da ação penal. O deputado lembrou que, durante a fase de presidência da Câmara, Cunha obstruiu o andamento dos trabalhos no Conselho de Ética.
Arqui-inimigo político de Cunha, o também conselheiro Júlio Delgado (PSB-MG) disse que a prisão do ex-deputado pode comprometer o grupo político do qual Cunha fazia parte. “A prisão traz mais receio para quem conviveu com ele”, destacou. Ele defendeu que Cunha colabore com a Justiça e faça a delação “não para reduzir sua pena, mas para contribuir com o país”.
Já o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), lamentou a prisão, mas disse que o ex-deputado procurou esse destino. “Essa prisão já era esperada”, disse.
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