Com mais 26 mortes durante a rebelião na Penitenciária Estadual Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, o número de assassinatos em presídios pelo país chega a 134 casos nas primeiras duas semanas do ano. As mortes já equivalem a mais de 36% do total registrado em todo ano passado. Em 2016, foram ao menos 372 assassinatos -média de uma morte a cada dia nas penitenciárias do país.
O Estado do Amazonas lidera o número de mortes em presídios com 67 assassinatos, seguido por Roraima (33). No dia 1° de janeiro, um massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) deixou deixa 56 mortos em Manaus (AM), após motim que durou 17 horas. No dia seguinte, mais quatro detentos morrem na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus.
Seis dias depois, uma rebelião na cadeia de Raimundo Vidal Pessoa deixou quatro mortos. Logo em seguida, três corpos foram encontrados em mata ao lado do Compaj. Com isso, subiu para 67 o total de presos mortos no Amazonas.
No dia 4 de janeiro, dois presos foram mortos em rebelião na Penitenciária Romero Nóbrega, em Patos, na Paraíba. Dois dias depois, 33 presos foram mortos na maior prisão de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista. Na quinta , dois detentos foram mortos na Casa de Custódia, o Cadeirão, em Maceió (AL). O presídio, destinado a abrigar presos provisórios, fica dentro do Complexo Penitenciário, em Maceió (AL).
Incentivo
Questionado sobre a ligação das rebeliões deste fim de semana com os casos registrados em Manaus e Roraima, que levou à morte cerca de 93 presos, o secretário de Estado da Justiça e da Cidadania do Rio Grande do Norte, Wallber Virgolino Ferreira da Silva, poupou palavras. “A situação do Norte estimulou aqui. Mas são coisas diferentes”, disse.
Desde março de 2015, o sistema prisional potiguar enfrenta uma séria crise estrutural. A população carcerária do Estado gira em torno de 7,7 mil pessoas. O déficit de vagas se aproxima das quatro mil.
Segundo Virgolino, em todas as unidades da federação do país, o clima no sistema prisional é de tensão. No decorrer da última semana, a Polícia Militar (PM) já tinha apreendido armas e celulares no interior da penitenciária.
“Como em qualquer outro canto do país, no Rio Grande do Norte há uma briga entre facções criminosas. Aqui também sofremos com isso”, afirmou o secretário.