As mulheres são bastante suscetíveis a doenças urológicas, seja por conta da gestação e do parto, seja pela chegada da menopausa ou até mesmo pela anatomia do órgão genital feminino. Além da incontinência urinária, as infecções urinárias de repetição são bastante comuns no sexo feminino. O que pouca gente sabe é que ambos os problemas devem ser tratados por um urologista.
“Muita gente acredita, equivocadamente, que a urologia é uma especialidade médica que trata apenas de problemas relacionados à saúde masculina. A falta de conhecimento e às vezes até a vergonha acabam retardando o diagnóstico correto e o tratamento adequado da incontinência e da infecção urinária”, destacou o urologista Augusto Modesto, coordenador científico da Sociedade Brasileira de Urologia seccional Bahia (SBU-BA).
Dificuldade de “segurar” o xixi – A incontinência urinária se caracteriza pela perda involuntária de urina e pode ser de três tipos: a de esforço, quando há perda de urina em atividades que contraem a região do abdômen (tossir, espirrar, rir e fazer atividade física de alto impacto); a de urgência, quando há súbita vontade de urinar e a pessoa não consegue chegar a tempo ao banheiro e a mista (caso de idosos e diabéticos ou pessoas com lesões na coluna/medulares), que associa os dois tipos anteriores. “O problema não está só na bexiga, mas também na musculatura pélvica, que sustenta os órgãos da região”, explica Augusto Modesto.
Entre as causas mais comuns para não conseguir “segurar” o xixi estão as alterações hormonais e a perda de massa muscular com a chegada da menopausa, além da gestação e do parto, tabagismo, lesões e até mesmo a anatomia do órgão genital feminino. “A doença é tratável, mas muitas mulheres, por acharem que isso faz parte do envelhecimento, não nos procuram. Há mulheres jovens, principalmente atletas, que demoram a perceber que têm essa perda involuntária da urina”, frisou o especialista.
O problema, principalmente em sua forma mais grave, pode causar impacto na qualidade de vida da mulher, comprometendo aspectos sociais, físicos e sexuais da paciente. O tratamento com fisioterapia e exercícios para fortalecer a região pélvica, como o Pilates, ajuda a resolver boa parte dos casos, sendo necessário em muitos deles o uso de medicamentos que “prendem” o xixi. Nos casos mais graves, o tratamento também pode ser cirúrgico, com uma pequena cirurgia via vaginal. Outras modalidades de tratamento são a inserção de neuromodulador (como um marca-passo) na coluna ou aplicação de botox na bexiga.
Infecção urinária – Cerca de 80% dos casos de cistite, popularmente conhecida como infecção urinária, são causados pela bactéria Escherichia coli. A doença, que acomete mais as mulheres, afeta cerca de metade da população feminina no mundo pelo menos uma vez na vida, com chances de repetição do quadro. A Sociedade Brasileira de Urologista estima que 50% das mulheres apresentam recorrência.
“As mulheres precisam procurar um urologista para investigar a causa do problema, pois as que já tiveram a infecção são mais propensas a desenvolvê-la de novo”, destacou o urologista Augusto Modesto. As mulheres são mais atingidas por causa da anatomia do órgão feminino e a maioria dos casos é causada por bactérias que já estão no organismo e descem para a uretra (mais curta do que a dos homens), canal por onde sai a urina e que fica muito próximo da vagina e do ânus.
Entre os sintomas, destacam-se: ardência ao urinar, urgência para fazer e segurar o xixi e ter vontade de correr para o banheiro mesmo com a bexiga vazia, fazer xixi toda hora, em pouca quantidade, sangramento urinário pode existir. A maioria das mulheres tem o primeiro diagnóstico dessa infecção na juventude, quando são sexualmente ativas. Pessoas com diabetes, retenção de urina ou incontinência urinária e bexiga “caída” têm mais chances de desenvolver a doença.
Nos casos mais graves, a infecção pode atingir os rins. É a chamada pielonefrite, que causa febre e dores nas costas e pode levar à infecção generalizada. “A escolha do melhor tratamento leva em consideração os sintomas apresentados pela paciente, bem como a sensibilidade das bactérias aos antibióticos, entre outros. A personalização do tratamento deve ser a regra, sempre”, finalizou Augusto Modesto.
Por: Carla Santana