Os cata-ventos que transformam a força do vento em energia mecânica voltaram ao cenário rural do município de Retirolândia e já estão reconquistando a importância que tiveram antes do programa de eletrificação rural, principalmente nas comunidades de Contador, Bastião e Ponto da Pinha. Nestas comunidades foram instalados poços artesianos movidos pela força dos ventos, cuja água, vem sendo utilizada para o consumo humano, animal e manutenção das hortas de verduras e legumes.
A experiência está sendo realizada na comunidade de Ponto da Pinha, localizada às margens da BA 120, a 04 Km da sede de Retirolândia, cuja atividade, é a principal fonte de renda para as 50 famílias da localidade. Os agricultores familiares utilizam as três tarefas de terra pertencente à Prefeitura, às margens de uma barragem construída ha mais de trinta anos e que ao longo do tempo foi se ampliando, nela, os agricultores produzem hortaliças, que semanalmente, são comercializadas nas feiras-livres de Coité e Retirolândia.
A agricultora Zenaide Ferreira de Oliveira, 58 anos, mãe de 04 filhos, é uma das trabalhadoras da área. Ela disse ao CN que a “presa”, referindo-se a barragem, nunca havia secado totalmente desde que foi construída. “Tem mais de um ano que a água acabou e a nossa salvação, abaixo de Deus, foi este poço artesiano movido a cata-vento”, falou com seu jeito simples de sertaneja, dona Zenaide.
Com satisfação, ela mostrou suas leras cobertas com bagaços, palhas de coqueiros e licurí para proteger do sol e manter a terra por mais tempo molhada. “Nós aprendemos esta técnica e estar dando certo. Aqui, nós produzimos tudo de forma natural sem usar agrotóxico”, garantiu a agricultora.
Zenaide, casada há 41 anos com Aurelino Souza Oliveira, trabalha na área desde que foi construída a barragem e acompanhou todo crescimento do leito, que chega a mais de um quilômetro de água nos tempos de trovoada. “Aqui é assim, na seca nós sofremos pela falta d’água, mas este problema diminuiu com o poço e nas enchentes, a água cobre toda plantação e a gente perde tudo. É assim mesmo, seja feita a vontade de Deus”, concluiu.
Poço artesiano
Segundo o secretário da Agricultura, Elcione Andrade, o poço artesiano foi perfurado pelo DNOCS, órgão ligado ao Ministério da Integração no final de 2010. O poço capta água em uma profundidade de 72 metros e bombeia para uma caixa com 10 metros acima de sua altura nominal que distribui para as proximidades das leras.
Ao mostrar o sistema para equipe do CN, o secretário disse que o funcionamento é simples e utiliza uma moderna tecnologia desenvolvida para o torque composto, com apenas uma engrenagem pequena e uma grande, entalhada em um eixo móvel, com uma biela que aciona o comando. A biela é alinhada por duas guias de deslizamento suave, proporcionando maior resistência e menor desgaste. Esse conjunto é lubrificado por uma bomba de óleo, que lubrifica a biela, o comando da biela, e o restante da maquina do Cata-Vento.
A torre foi confeccionada com chapas de aço dobradas, ou melhor, cantoneiras, com dimensões, abas e espessuras especiais. Ela tem apenas 03 lados, proporcionando maior resistência contra grandes ventos feitos de chapa de aço dobradas com bitolas e medidas especiais.
Ponto da Pinha – Referência na comercialização dos produtos da agricultura familiar
O Povoado do Ponto da Pinha é uma referência na comercialização dos produtos da agricultura familiar. Elcione Andrade falou ao CN que o prefeito José Alberico Silva Moreira (PMDB) já determinou a elaboração de um projeto para obras de infraestrutura da comunidade, essa, deve ser pavimentada e serão construídos quiosques, substituindo as atuais barracas, feitas de forma artesanal.
A agricultora Rejane dos Santos França, 31 anos, 02 filhos, falou que chega a vender R$ 70 por dia, quando o movimento é bom. Ela disse que a maioria dos produtos comercializados, ou seja; coco, pinha, melancia e ovos, são produzidos na pequena propriedade de 03 tarefas pertencente ao sogro. “No momento, só não estou cultivando a melancia por causa do tempo seco, porém, estamos comprando de Juazeiro, mas, quando chover se Deus der bom tempo, nós também plantaremos”, contou Rejane, enquanto atendia ao mestre de obras Marivaldo P. dos Santos, que disse ao CN que para sempre para comprar frutas, de modo especial a pinha e a melancia.
A vocação pela comercialização dos produtos rurais foi despertada desde a época que a estrada era de cascalho, tendo o negócio fortalecido após o asfalto, há trinta anos. O nome da comunidade foi colocado pelo próprio negócio, pois no inicio a pinha era o principal produto comercializado.
Por: Valdemí de Assis/ fotos: Raimundo Mascarenhas