Vinte famílias de agricultores residentes na Comunidade de Brejo, distante 7 km da sede de Conceição do Coité, escolheram em 08 de março de 2011, em uma reunião realizada na residência de Maricélia Silva Oliveira, a beata Irmã Dulce, conhecida como Anjo Bom da Bahia, agora Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, como padroeira, tornando-se a primeira comunidade na Diocese de Serrinha a reverenciar a freira baiana.
A fé da beata foi externada por Maricélia, que posou para a foto com a camisa comemorativa ao segundo ano da festa comemorado no domingo, 26 de maio, e seu filho caçula Maicon Oliveira Reis,5 anos,lembrando o primeiro ano.
Maricélia contou que o desejo dos moradores era reverenciar uma mulher e naquela época existia uma grande movimentação da Igreja católica em torno da beatificação, ato realizado dois meses depois da decisão dos moradores em ter como padroeira. Conhecedora da história da beata, a agricultora lembrou o ato de beatificação realizado em Salvador no dia 22 de maio de 2011 presidido pelo enviado especial do então Papa Bento XVI, Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo emérito de Salvador, o Calila Noticias esteve lá confira.
As comemorações organizadas pela comunidade ocorreram no momento em que especialistas começam a estudar quatro dos mais de 1,5 mil relatos de milagres para a canonização da religiosa após sua beatificação e dos milhares de pedidos de graças alcançadas, a exemplo do pedido de Maria do Carmo Silva, 57 anos, mãe de oito filhos. “Pedi com fé, ela me atendeu e soltei uma caixa de foguetes após a missa celebrada no dia 26”, contou Maria do Carmo, porém, não revelou o pedido atendido.
Na história da beata, existem casos ocorridos nos Estados de São Paulo, Ceará, Sergipe e Bahia, são considerados os mais contundentes da intercessão de Irmã Dulce e, caso sejam avaliados como inexplicáveis pelos estudiosos, serão enviados para o Vaticano, para apuração dos peritos. É necessária a comprovação de mais um milagre para que a religiosa possa ser canonizada. O agricultor Josafá Pereira de Oliveira, 53 anos,(dest.) conheceu a beata padroeira da sua comunidade e em 1991 foi atendida por ela ao solicitar alguns exames e diversas vezes ao viajar para Salvador, levou leite para a religiosa.
Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, a Irmã Dulce, morreu em 13 de março de 1992, aos 77 anos. Ela ficou conhecida pela ajuda aos pobres, sobretudo na área da saúde. Criou, em 1959, as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), que hoje promovem 5 milhões de atendimentos por ano a beneficiários do Sistema Único de Saúde (SUS) e a pessoas em situação de risco social. Cinco mil profissionais de saúde trabalham para a instituição. Este currículo da religiosa aumenta a fé do líder da comunidade, João Anunciação Xavier, conhecido por Dandinho, que vem coordenando o trabalho de construção de Igreja, medindo 8 metros de largura e 18 de comprimento.
Os devotos da beata tem o hino em louvor à religiosa na “ponta da língua” e dentro da Igreja, cuja construção está em “ponto de madeira”, reza para conseguir ajuda para sua conclusão. Segundo Dandinho, todo recurso investido foi resultado de atividades tipo, bingo, sorteio e doações, mas a situação se agravou por causa da seca que assolou o município e foi obrigado a paralisar. “Nosso sonho é que uma alma boa, inspirada em Irmã Dulce possa ajudar a terminar nossa Igreja e termos um lugar onde possamos rezar realizar as catequeses e celebrações de missas”, externou.
Foram investidos até o momento aproximadamente R$ 6 mil e estima-se, segundo a comissão responsável pela obra, R$ 30 mil para a conclusão.Sem cobertura e sem piso, as celebrações e reuniões vêm acontecendo na sede da associação comunitária que fica ao lado e também está sem ser concluída, mas possui cobertura e piso. Dandinho acredita que não irá demorar sua conclusão, pois todas da comunidade estão inspiradas na religiosa que por mais de cinquenta anos se entregou à caridade e amor ao próximo entre os diversos estabelecimentos que fundou o Hospital Santo Antônio, capaz de atender setecentos pacientes e duzentos casos ambulatoriais.
Padre Charles Santana, vigário da paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Coité, disse ao CN que ficou satisfeito pela escolha dos moradores e que em suas visitas a comunidade já ouviu diversos relatos de fies que conheceram a Beata. “Não há dúvidas que as grandes obras de caridade de Irmã Dulce são referência nacional, e ganharam repercussão pelo mundo, tanto que seu nome é sempre relacionado à caridade e amor ao próximo”, falou padre Charles que por dois anos consecutivos celebra missa na comunidade.
Outras características da comunidade
Formada exclusivamente por pequenos agricultores, no acesso da estrada vicinal interligando com a via principal da estrada que liga a sede do município ao Distrito de Aroeira, os moradores fincaram uma placa indicativa externando a devoção à beata. Brejo tem outra marca única no município por seus moradores cultivarem e beneficiarem castanha. “A gente se reuni mensalmente na associação e semanalmente na comunidade eclesial. Nós também nos preocupamos com o meio ambiente e todas as quintas-feiras recolhemos o lixo das nossas casas e levamos até a estrada da Aroeira, onde passa o carro do lixo que recolhe, contou Betinho, presidente da Associação dos moradores criada há dois anos.
Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas