Morreu na manhã desta quarta-feira (07), em uma clínica de Conceição do Coité, o cachorro “Beato Salu”, um dos mais famosos animais domésticos da história da Riachão do Jacuípe.
“Beatu Salu”, que ganhou fama na cidade por frequentar velórios, sepultamentos e comparecer constantemente às missas, aos domingos, na Igreja Católica, e a cultos religiosos em igrejas evangélicas, morreu por volta das 9 h, na clínica veterinária Casa de Fazenda, em Conceição do Coité, onde estava internado desde a última segunda-feira (05).
Segundo Vicente de Paula Dantas, fundador ao lado de outras pessoas de uma ONG para cuidar de animais abandonados na cidade, o cachorro se encontrava debilitado há dias e começou a ser cuidado pelo grupo. “Encontramos o animal na rua e resolvemos cuidar dele. Vimos que ele estava debilitado e vomitava tudo que comia. Luciana, então, levou para Dra. Débora, que passou soro, vitamina B, mas ele não melhorou”, disse Vicente.
Doente, Beatu Salu estava com anemia profunda e ferimentos na boca, por isso foi levado na segunda-feira para a Clínica do médico veterinário Dr. Wellington, onde ficou internado para tratamento. Na clínica, o cachorro passou por uma bateria de exames e ficou constatado que, além da anemia, ele estava com problema renal agudo.
Morte e sepultamento
Nesta quarta-feira, às 10h, Beato Salu iria receber uma transfusão de sangue, uma das últimas tentativas que o médico faria para reverter o quadro que lhe era desfavorável. Mas, antes disso, por volta das 9h, o animal estimado veio a falecer.
Assim que soube da noticia, pessoas da ONG foram pegar o cachorro em Conceição do Coité. O corpo de Beato Salu foi sepultado em Riachão, às 14 h, no jardim da casa de Regina e Evaldo. O ato fúnebre foi acompanhado por Luciana Marcela, Amarílio Soares, Edite e Regina.
História e sentimentos
Talvez o leitor desatento não entenda esta matéria, mas o cachorro Beato Salu vinha mesmo chamando a atenção da comunidade jacuipense. Católicos, espíritas ou evangélicos, todos estavam curiosos com as histórias do animal, que passou a fazer parte do folclore da cidade.
Em matéria publicada por este site em 18 de maio de 2011, o cachorro batizado como Navegante, mas depois popularmente conhecido por “Beato Salu” – personagem da novela global Roque Santeiro -, já despertava curiosidad de muitos em Riachão.
“Eu nunca vi uma coisa dessas. Parece que ele é guiado por algo assim… como um fenômeno. É uma coisa fora de série”, disse, à época, Manoel Inez de Lima, mais conhecido como Nezinho, morador da Avenida Landulfo Alves e que toma conta do cemitério da cidade e sabia o dia a dia do animal.
Para explicar as façanhas do cachorro, em novo depoimento, Nezinho acrescentou: “Há uns dois anos que ele acompanha enterros, não perde as missas dominicais e as terças de Santo Antonio. Ele também vai aos velórios e acompanha os sepultamentos até a cova, principalmente de algumas pessoas, como se tivesse mais estimação e frequenta também os cultos da Igreja Batista”.
Apegação
A morte de Beato Salu pode não ter tocado no coração de todos que lhe conheceram, mas deixou muita gente triste. Além da equipe que vinha cuidando do animal, outras pessoas na cidade também se solidarizaram com a perda.
O caso mais curioso foi o de uma criança de seis anos que, assim que soube que o animal estava doente, pediu dinheiro à mãe e entregou à tia para contribuir com a compra de comida e medicamentos para o cão.
Ao tomar conhecimento do fato, Vicente de Paula Dantas, tesoureiro da ONG criada em 28 de fevereiro, demonstrou para o Interior da Bahia a convicção sobre o trabalho que a entidade desempenha. “Isso serve para despertar respeito e consciência nas pessoas, porque o animal também é um ser vivo”, colocou.
A ONG
A ONG ainda não tem sede, mas tem um objetivo claro: cuidar dos animais abandonados, como estava o Beato Salu. Evaldo Maximiniano Soares é o presidente; Edite a vice-presidente; Vicente de Paula Dantas, o tesoureiro; e Dra. Maria São Paulo, a secretária.
Para homenagear o cachorro, Vicente de Paula informou que a imagem dele será usada na logomarca da associação, que será criada futuramente.
Da redação (Foto: Evandro Matos /Arquivo Interior da Bahia)