Com mais de 4,3 mil assassinatos registrados em 2011, a Bahia ficou pelo segundo ano consecutivo na liderança em número de ocorrências de homicídios. Os dados são da 6ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado nesta terça, em São Paulo. Apesar de uma leve redução de 3,42% de 2010 para 2011, o estado manteve a liderança que nos anos de 2008 e 2009 era do Rio de Janeiro.
O estado finalizou o ano com 4.380 homicídios dolosos registrados, 155 a menos que em 2010. O fórum considera que as taxas de homicídios dolosos são as medidas principais da situação do crime e da violência em uma localidade.
Ainda de acordo com o estudo, em números proporcionais ao tamanho da população, a Bahia fica na sétima posição, com taxa de 31,1 homicídios por 100 mil habitantes. Nesse ranking, o campeão nacional é Alagoas, que registrou 2.342 assassinatos no ano passado – uma taxa de 74,5 homicídios por 100 mil habitantes.
A compilação dos dados registrados pelos próprios gestores estaduais no Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal (SINESPJC) foi feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que comemora a aprovação, neste ano, da lei que institui o mecanismo que disponibilizará informações sobre segurança com abrangência nacional, o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e sobre Drogas (Sinesp).
Investimentos
Apesar da posição de liderança nos números absolutos de homicídios, o relatório aponta que a Bahia ficou em terceiro lugar em aumento nos investimentos feitos no setor, com orçamento 30,8% maior no ano passado em relação a 2010, perdendo apenas para São Paulo (com aumento de 67,3% nos investimentos) e Mato Grosso do Sul (37,7%).
Em 2011, último ano do levantamento do anuário, foi o ano em que o governo estadual lançou os dois principais programas de segurança pública: O Pacto Pela Vida e o início do emprego do modelo das Bases de Segurança Pública.
Para o coordenador do Observatório da Segurança Pública e professor do doutorado em Desenvolvimento Urbano da Unifacs, Carlos Alberto Costa Gomes, esse contraste entre a posição ocupada e os investimentos pode revelar deficiências nas estratégias de combate à criminalidade.
“Está se investindo em um sistema que não funciona. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) divulgou em 2009 que 98,7% das ocorrências não têm, ao final, alguém de alguma forma condenado. Ou seja, há um grande problema na investigação. Falta investir em tecnologia, ter um policiamento preventivo que funcione”, analisa. “Enquanto tiver um policial para 200 habitantes na Barra e um para 2 mil pessoas em Narandiba, esse investimento não dará resultado”, conclui. Procurado nesta terça à noite pelo CORREIO, o titular da SSP, Maurício Barbosa, não foi localizado para comentar os números.
Trecho do relatório desta última edição do anuário critica o sistema de segurança pública no país, classificando-o como “caro e ineficiente”: “A violência urbana persiste como um dos mais graves problemas sociais no Brasil, totalizando mais de 800 mil vítimas fatais nos últimos 15 anos. Nosso sistema é caro, ineficiente, capacita e paga mal aos policiais e convive com padrões operacionais inaceitáveis de letalidade e vitimização policial”.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública é uma organização não-governamental que oferece cooperação técnica para melhorias na atividade policial e da gestão da segurança pública no Brasil.
Um destaque positivo para a Bahia é que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública coloca o estado em 3º lugar quando os assuntos são a qualidade dos dados apresentados e a alimentação, com informações, do SINESPJC.
Fonte: Correio