Mesmo com as chuvas dos últimos meses no Estado, com o acúmulo total de 150 milímetros em janeiro e 25 milímetros em fevereiro, segundo o Climatempo, ainda existem cidades afetadas pela seca. Só na região de Feira de Santana (a 108 km da capital baiana), dez municípios continuam nesta situação: Água Fria, Anguera, Antônio Cardoso, Coração de Maria, Ipecaetá, Irará, Santa Bárbara, Santanópolis, Santo Estêvão e Tanquinho.
Embora não conste na lista da Cordec como um dos que continuam em estado de emergência, Ichu (a 198 km de Salvador), na região sisaleira, também está sendo bastante castigado. Há dois anos não chove em quantidade suficiente na região e as famílias já amargam muitos prejuízos. Com uma população aproximada de 6.480 habitantes, o município tem na pecuária e agricultura de grãos a principal fonte de renda.
A prefeitura não dispõe de carros-pipa próprios, e as famílias acabam desembolsando valores entre R$ 80 e R$ 120 para comprar cerca de oito mil a 10 mil litros de água – a depender da capacidade do veículo. A quantidade dá para o consumo de 20 dias, em média.
“Isto se for só para o consumo humano e com pouca gente na casa, mas se for também para a agricultura e consumo animal não dá para muitos dias”, explica a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Cristiana Brito.
Seguro-safra – Na zona rural, são mais de 1.500 famílias, mas apenas 494 foram contempladas com o seguro-safra. “Este número não atingiu nem 50% das famílias da zona rural, mas pelo menos é um alívio. Cerca de 70% das famílias sobrevivem de benefícios sociais, como Bolsa Família, ProJovem e Bolsa Estiagem. A situa
A sindicalista diz ainda que a cidade tem recebido ajuda do Exército, que tenta fazer um levantamento de aguadas ou mananciais para o abastecimento de água, mas as represas – cerca de dez – estão com pouca água, que não serve para o consumo humano porque está salobra e suja.
“O município está tentando apoio da Embasa, para utilizar os reservatórios da empresa para o abastecimento dos carros-pipa, mas até agora não houve resposta. O sindicato tenta conseguir apoio não só das esferas municipais e estaduais, como de outros órgãos para amenizar o sofrimento das famílias”, frisa.
Perdas e ações – De acordo com o secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, o semiárido representa 65% do território baiano e, apesar da chegada da chuva, a longa estiagem não pode ser esquecida. “Podemos comparar esta seca a um tremendo terremoto, cujas consequências serão sentidas, pelo menos, nos próximos dez anos”, ressalta Cristiana Brito.
Visando estruturar o semiárido para a convivência com a seca, a Seagri está desenvolvendo ações como a construção de 1.400 barragens subterrâneas, em mais de 50 municípios, em cinco territórios de identidade – a seleção obedece a critérios técnicos.
Fonte: A Tarde