O Ministério da Educação (MEC) lançou no último domingo (17) durante a Flink Sampa um programa de intercâmbio internacional estudantil para negros, indígenas e pessoas com deficiência. O programa tem como objetivo estimular também o ingresso em mestrado e doutorado no Brasil de pessoas com esse perfil. Além disso, a proposta pretende aumentar o número de professores negros, indígenas e deficientes dentro as universidades brasileiras, que segundo pesquisa realizada pelo Dr. José Jorge de Carvalho (UnB), não passa de 1%, em todo o país.
Batizado de Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento, ele será uma espécie de Ciência Sem Fronteiras (CsF) – que já levou 38 mil estudantes para o exterior. Porém, enquanto o CsF é focado em áreas como Engenharia e Exatas, o novo programa dá prioridade às Humanas, e em temas com foco no combate ao racismo, igualdade racial, história afro-brasileira e indígena, acessibilidade, inclusão e ações afirmativas.
Conforme matéria do jornal Estadão, o orçamento e o número de bolsas ainda não foram definidos. Segundo o governo, as bolsas internacionais serão definidas com base na seleção das instituições e na capacidade delas para receber os estudantes. Também depende da demanda de estudantes brasileiros. Somente 11,3% dos negros com 18 a 24 anos frequentavam ou já haviam concluído o ensino superior em 2012 – entre os brancos esse porcentual era de 27,4%
Para incentivar o ingresso desses alunos na pós-graduação no Brasil, o MEC vai criar cursos preparatórios. A ideia é que haja a possibilidade de curso de leitura e produção de textos acadêmicos em português e em língua estrangeira, metodologia e projeto de pesquisa. Também há previsão de assistência estudantil. Essa é a primeira vez que uma política pública brasileira prioriza a inclusão na pós-graduação. O novo modelo será lançado oficialmente pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em evento organizado pela Faculdade Zumbi dos Palmares.
O programa homenageia um dos pioneiros do movimento negro no Brasil. Abdias Nascimento foi ator, diretor, dramaturgo, jornalista e político. Morreu em 2011, aos 97 anos. A ação é também um desdobramento do Plano de Ação Brasil-EUA pela Eliminação do Racismo e Promoção da Igualdade (JAPER) assinado na gestão do presidente Lula.
Com informações do Correio Nagô*