O secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, anunciou a criação de uma força-tarefa para apurar os crimes ocorridos durante a greve dos policiais militares. Ele contou nesta segunda-feira (21), em entrevista à TV Bahia, que a equipe do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) será reforçada com delegados de outros setores da Polícia Civil.
“Temos como prioridade a investigação desses homicídios que ocorreram na greve de 2014”, disse. Segundo a TV Bahia, 104 assassinatos ocorreram em Salvador e Região Metropolitana desde a tarde da última terça-feira (15), quando os policiais iniciaram a paralisação. Foram 60 homicídios durante a greve e outros 44 entre sexta-feira e domingo (20).
Ainda na terça-feira (15), uma menina de 11 anos morreu depois de ser baleada no loteamento Granjas Rurais, em Santo Inácio. Monique Evelyn Florêncio Silva foi atingida no ombro direito e ainda chegou a ser socorrida para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos.
A menina morava com os pais no loteamento. Ela estava em casa quando vários homens começaram a atirar do lado de fora e depois invadiram a residência, ainda atirando. Uma das balas acabou atingindo a criança.
PMs mortos
Durante a greve, nem a polícia estava segura. Por volta das 23h de quarta-feira, o soldado Erival Santiago Ramos, foi morto em uma troca de tiros com outros dois policiais em Bela Vista do Lobato. Erival era lotado na 18ª Companhia Independente da PM (Periperi).
“Ele tinha terminado o plantão e levou suprimentos para os colegas no Wet’n Wild. Quando estava perto de casa, dois policiais que estavam aguardando delinquentes atiraram e atingiram ele”, contou o pai do PM, Marcelo Oliveira.
O soldado não estava fardado e chegava de moto com outro colega policial, que foi atingido na mão. Os policiais que atiraram também estavam sem fardas. Erival foi levado ao Hospital do Subúrbio, mas não resistiu.
Além dele, o sargento Alberto Gonçalves Medeiros, 57, foi assassinato no final da noite de quarta-feira. Por volta das 22h30, Alberto foi avisado de que um grupo tentava saquear uma loja da Casas Bahia no Largo de Pau da Lima, segundo o genro dele, Bruno Lameira.
“Ele era um padrinho no bairro. Sempre que alguém ligava pedindo ajuda, ele ia defender. Foi o que tentou fazer”. Segundo ele, Alberto saiu de casa para tentar conter os saques. “Ele achou que o pessoal não estava armado e atirou para cima, para dispersar. Mas o pessoal revidou”.
O sargento foi atingido no rosto e morreu antes de chegar ao posto médico de São Marcos. Alberto fazia parte do Comando de Operações Policiais Militares.
Acordo
A greve da Polícia Militar chegou ao fim na tarde de quinta-feira (17) após a assinatura de acordo com o governo estadual. A proposta aprovado pela categoria prevê a anistia nos processos administrativo para que todos os policiais que participaram dessa greve não sejam punidos e o aumento da Gratificação por Condições Especiais de Trabalho (CET).
Entre os itens acordados – presentes na primeira proposta – está o aumento do CET de 0% para 25% para os praças que trabalham na área administrativa, de 17% para 45% para os praças operacionais (que vão para as ruas) e de 35% para 60% para os praças motoristas. O texto ainda promete regulamentar o Artigo 92 do Estatuto da PM, que prevê o pagamento de adicionais de insalubridade, periculosidade e demais auxílios, mas sem estabelecer prazos.
Fonte: Correio