O resultado de exames laboratoriais feitos em lotes de carnes de cinco frigoríficos – que foram recolhidos em supermercados de Umuarama, no Noroeste do Paraná, em outubro do ano passado – foi entregue ao Procon da cidade e divulgado nesta semana. Das cinco amostras analisadas, apenas no lote de capa de filé da marca Friboi, do Frigorífico JBS unidade de Naviraí (MS), o resultado foi positivo para a presença de formaldeído, o formol, e a mesma carne possuía “odor não característico”, segundo o relatório.
O diretor do Procon de Umuarama, Sandro Gregório, informou que os exames foram feitos porque um consumidor reclamou que comprou duas peças da capa de filé Friboi em um supermercado da cidade e as mesmas estavam impróprias para o consumo. No dia 29 de outubro de 2014, várias amostras foram recolhidas pelo Procon e pela Vigilância Sanitária, e encaminhadas para exames no laboratório da Universidade Estadual de Maringá (UEM), campus de Umuarama. Também foram analisadas amostras de carnes dos frigoríficos Astra, Marfrig. Jirard e Mata Boi, mas os resultados foram negativos , ou seja, não foi constatada a presença de formol.
O laudo com o resultado está no processo administrativo instaurado pelo Procon de Umuarama. Gregório adiantou que a decisão se a empresa será multada ou não sairá até o fim do mês. A multa prevista varia de R$ 700 a R$ 7 milhões.
Na defesa enviada ao Procon, a Friboi informou que a substância formaldeído é produzida pela própria carne. O laudo do laboratório da UEM reforça que a quantidade da substância existente nas carnes não aparece nos exames e, quando surge, é porque o produto já está decomposição, ou seja, impróprio para o consumo.
Em nota, a Friboi afirmou nesta segunda-feira (7) que não utiliza formol na produção da carne e que a qualidade dos produtos é fiscalizada por veterinários do Serviço de Inspeção Federal (SIF). A empresa destacou que , em abril deste ano, enviou a documentação necessária ao Procon de Umuarama.
O Procon informou que não surgiram novas denúncias contra a Friboi e que outras carnes da mesma marca recolhidas no mesmo dia não continham formol – apenas a capa de filé.
Confira abaixo a nota enviada pela Friboi na íntegra:
“A Friboi afirma que não utiliza e nunca utilizou formaldeído (formol) na linha de produção de suas fábricas de carne bovina in natura. A amostra de carne, coletada em outubro de 2014, pelo Procon de Umuarama (PR), foi produzida na unidade de Naviraí (MS). Essa, ou qualquer outra fábrica da marca, não utiliza qualquer tipo de conservante em suas linhas de produção in natura, o que elimina qualquer possibilidade de essa contaminação ter ocorrido dentro de uma unidade.
A Friboi destaca ainda que já prestou todos os esclarecimentos técnicos e enviou, em abril de 2015, ao Procon de Umuarama a documentação necessária que comprova que a fábrica nunca comprou a substância citada nos laudos. Dessa forma, se o formol foi realmente identificado na amostra, a contaminação ocorreu após o produto ter deixado a fábrica.
A companhia ressalta que é a maior interessada em esclarecer os fatos e, inclusive, já solicitou ao Procon informações sobre os procedimentos e critérios usados na realização dos testes. Até agora, os laudos apresentados por eles são inconclusivos e sequer indicam a suposta quantidade de formol identificada na amostra de carne testada.
A empresa informa ainda que não foi autuada nem recebeu qualquer tipo de multa, mesmo porque o processo ainda não foi encerrado. Tanto o processo do Procon quanto a defesa da companhia são públicos e podem ser acessados no Procon de Umuarama pelo número 1728/2014.
A Friboi reitera que possui rigorosos processos de qualidade e garantia de origem. Todas as fábricas têm seus processos produtivos fiscalizados diariamente por veterinários do Serviço de Inspeção Federal (SIF), órgão governamental ligado ao Ministério da Agricultura, que fiscaliza continuamente as questões relacionadas à segurança alimentar dentro do processo produtivo, e assim a Friboi garante a sanidade dos produtos enviados aos consumidores.”
Gazeta do Povo