A blindagem automotiva vem atraindo cada vez mais o interesse dos motoristas que circulam nas ruas das grandes cidades brasileiras. De acordo com o último levantamento feito pela Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), em 2014 foram blindados aproximadamente 12 mil carros no país, um recorde pelo quinto ano consecutivo.
O trânsito caótico, a sensação de insegurança, a vulnerabilidade ao parar em cada semáforo e o aumento do número de empresas especializadas no Brasil expandiram o mercado e fizeram com que o segmento, que antes era voltado apenas para a classe A, também atinja o público da classe média.
Mas antes de transformar o seu carro é preciso ficar atento aos prós e contras do serviço. Veja tudo o que você deve saber antes de decidir blindar a sua máquina:
# Quanto Custa?
Apesar da diminuição do preço do serviço nos últimos anos, a blindagem ainda é considerada um processo caro. Dependendo do nível de blindagem e do tipo de veículo, o procedimento pode superar o valor do veículo.
A blindagem de menor custo, voltada para uma proteção mais discreta onde se enquadram as picapes de pequeno porte, por exemplo, o custo do serviço varia em torno de R$ 40 mil. Já na blindagem de custo médio, aplicada em sedãs médios, o valor pode atingir uma média de R$ 50 mil.
As blindagens de alto custo, que exigem um serviço mais sofisticado ao serem aplicadas em SUVs e veículos de grande porte, podem chegar a custar em torno de R$ 75 mil.
# Níveis de Blindagem
No Brasil, os níveis de blindagem seguem a norma de resistência balística ABNT-NBR 15000 e são divididos em uso permitido, restrito e proibido. De acordo com essas normas, existem quatro níveis de proteção de blindagem no Brasil para uso civil:
– Nível I
A menor proteção disponível no mercado pode resistir a disparos de armas com calibre 32 e 38, além de ataques com ferros e pedras.
– Níveis II e II-A
Com base na tabela americana, esses dois níveis resistem a armas como pistola 9 milímetros e Magnum 357, mas não são níveis de proteção resistentes contra armas de grande porte.
– Nível III-A
O nível que representa 95% dos carros blindados que trafegam pelas ruas do país, pode suportar quatro vezes mais do que o Nível I e resiste ao ataque de armas de mão de todos os calibres: submetralhadoras, pistolas 9 mm e Magnum 44.
# Blindagem não é “superpoder”
É importante saber que o seu carro não irá se transformar em um tanque de guerra. Por mais grossos que sejam os vidros, as chapas de aço e os materiais utilizados nas portas, o risco de um projétil penetrar o interior do veículo ainda existe.
De acordo com especialistas, existem pontos vulneráveis em um automóvel mesmo após a blindagem, como colunas e maçanetas. As engrenagens e o formato da lataria podem impedir um perfeito ajustamento da colocação das chapas de aço, o que dificulta a proteção na região.
Outro fator importante a ressaltar é que os vidros têm capacidade limitada de resistência a tiros. As balas de armas com impacto mais potente podem penetrar a blindagem com persistência. As normas internacionais de blindagem determinam que os vidros sejam capazes de resistir até cinco tiros em uma área de 20 centímetros quadrados: isso significa que a sexta bala na mesma região pode atingir o interior do veículo.
# Revenda
Por se tratar de um serviço específico, um automóvel blindado pode sofrer com a desvalorização na revenda. Especialistas do setor afirmam que embora a blindagem se desvalorize menos do que o carro em si, calculam que a depreciação pode chegar a 15% ao ano.
# Manutenção e garantia
Um carro blindado também implica cuidados especiais e maiores custos com manutenção. As empresas especializadas em blindagem costumam oferecer garantia de dois anos e a cobertura é voltada apenas para defeitos da blindagem. No caso de um conserto ou reparo do automóvel (em razão de uma colisão, por exemplo) os custos de manutenção podem pesar: em geral, um reparo na carroceria ou nos vidros de um veículo blindado pode custar cerca de 20% mais do que o mesmo processo em um automóvel comum.
# Seguro
Embora diminua a probabilidade de furtos em cerca de 30%, o alto custo de um eventual reparo faz com que isso acabe refletindo no valor do seguro de blindados. Para minimizar o problema, assim como ocorre com acessórios (sistema de áudio, rodas e equipamentos específicos), as seguradoras geralmente tratam a blindagem à parte. Desse modo, no caso de reparos de partes não-blindadas (retrovisores, grade dianteira e faróis, por exemplo), a franquia tem o mesmo valor que a franquia de um veículo normal, evitando que o assegurado seja obrigado a pagar um valor muito mais alto ao acionar o seguro nesse caso.
# Peso x Potência
Uma das principais preocupações na hora de blindar um veículo é o peso extra da blindagem, que varia de 70 kg a 130 kg, em média, de acordo com o modelo do carro e o nível de proteção utilizada. Consequentemente, esse peso extra gera a perda de potência, e caso a estrutura do carro não o suporte, o carro pode sofrer sérios danos em sua estrutura, passando a ter restrições sobre o volume de carga e de passageiros. Portanto é extremamente importante que o consumidor busque as orientações de empresas e profissionais que conheçam o assunto.
# Consumo de Combustível
Devido ao peso extra e o aumento do esforço do motor para que o automóvel se locomova, a blindagem aumenta ligeiramente o consumo de combustível. Esse aumento pode variar muito dependendo do modelo e do tipo de blindagem. Materiais como o kevlar (manta de aramida), além da otimização da utilização do aço para que o peso seja o menor possível, são algumas das novas tecnologias usadas atualmente para reduzir o peso da blindagem e diminuir o consumo de combustível.
# Pneus não podem ser blindados
Muitos acreditam que os pneus também possam ser blindados, mas segundo Fábio Rovêdo de Mello, da Concept Blindagens, a coisa não funciona bem assim. Cada roda recebe um sistema de proteção, que pode ser uma cinta de aço ou polímeros especiais. Esses dispositivos permitem que o veículo rode por alguns quilômetros a certa velocidade e aumentam a probabilidade de deslocamento até uma zona de segurança.
# Precauções
Não faz sentido ter um carro blindado sem ter uma postura precavida. Um automóvel blindado exige hábitos cautelosos e um comportamento seguro para que a proteção seja funcional:
– Manter as travas e os vidros fechados
Descer do veículo após uma colisão, não efetuar o fechamento das travas ou abrir as janelas por qualquer motivo são atitudes que anulam a função da blindagem.
– Manter o veículo sempre em movimento
No caso de um assalto, não é recomendável permanecer parado. Dessa maneira, o motorista evita que mais de um projétil atinja a mesma região. A blindagem é uma ferramenta valiosa de fuga, onde o motorista ganha alguns segundos preciosos. Como no trânsito isso nem sempre é possível, é recomendável que o motorista deixe um espaço necessário em caso de proceder com uma manobra de fuga.
Fonte: AreaH/Portal de Noticias