Três delatores da Odebrecht que prestaram depoimentos na semana passada confirmaram que a empreiteira comprou um imóvel em São Paulo em 2010 para a construção de uma nova sede do Instituto Lula.
Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, relataram a compra Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo; Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais; e Paulo Melo, ex-diretor-superintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias. A aquisição do imóvel, na Rua Haberbeck Brandão, 178, em São Paulo, é objeto de denúncia aceita pelo juiz Sérgio Moro Na última terça-feira (20), na qual o ex-presidente Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Os procuradores apontam que parte das propinas pagas pela Odebrecht em contratos da Petrobras foi destinada à compra de um terreno onde seria construída a sede do instituto. De acordo com as delações de Marcelo, Alencar e Melo, o imóvel, que oficialmente foi adquirido pela DAG Construtora, foi pago, na verdade, pela Odebrecht, para a construção da sede.
Os delatores afirmam ainda que a ideia era que outras grandes empresas ajudassem a construir o prédio. De acordo com os depoimentos, Lula e a ex-primeira-dama, Marisa Letícia, foram conhecer o terreno, mas não gostaram do local.
Marcelo determinou então a Melo que procurasse opções, mas o projeto não foi à frente. Apesar do prédio não ter sido erguido, Moro aceitou a denúncia, justificando que a falta de transferência na compra do imóvel não prejudica a acusação de corrupção, configurada pela oferta e pela solicitação da propina.
Os procuradores apontaram o pagamento de R$ 7,6 milhões para a empresa DAG Construtora em 2010, a partir da quebra de sigilos fiscais e bancários dos investigados. O processo ainda cita papéis encontrados em buscas no sítio de Atibaia (SP), frequentado pelo petista, com um projeto de uma construção no endereço do terreno.
Na planilha de pagamentos da Odebrecht, está listado o item “Prédio IL”. A denúncia também cita um apartamento vizinho à cobertura onde mora o ex-presidente em São Bernardo do Campo (SP). O imóvel está em nome de Glauco da Costamarques, que teria atuado como testa de ferro de Lula, em transação operacionalizada por Roberto Teixeira, advogado e compadre do ex-presidente.
O imóvel teria sido alugado por Marisa, mas de acordo com a denúncia, não houve pagamento do aluguel.
Bahia Notícias