Foi dada a largada. Os candidatos a uma vaga em um curso superior pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSu) já podem se inscrever e acompanhar os resultados. Na Bahia, são 13.126 vagas disponíveis, contando com as oferecidas pela Universidade Federal do São Francisco (Univasf) em Juazeiro, e aquelas ofertadas pela Universidade da Integração da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab) em São Francisco do Conde.
Só na Universidade Federal da Bahia (Ufba) são mais de 80 cursos à escolha do candidato. Para ajudar quem ainda está em dúvida e ainda não escolheu a carreira que pretende seguir, o CORREIO conversou com especialistas sobre as áreas que estão em alta no mercado de trabalho.
E eles são unânimes em dizer que a demanda é alta por três tipos de profissionais: os que trabalhem com tecnologia da informação e novos negócios, com gestão de recursos humanos, gestão financeira e de recursos. “Não tem jeito. A era digital chegou com tudo, então qualquer profissão ligada a essa área está em alta”, sentencia Leandro Pedrosa, gerente do grupo Michael Page para o Nordeste.
Muita demanda
E é nesta última profissão que ainda se vê uma carência grande de profissionais. É este profissional que vai se dedicar a selecionar, analisar, extrair informações e apontar tendências em dados. As principais formações requeridas são Matemática e Estatística, pouco procuradas por quem busca um curso superior.
“Tem muita demanda para carreiras relativas à análises de dados, de business intelligence, que seja capaz de fazer essa leitura de cenário”, explica Lígia Oliveira, gestora de relações com jovens e universidade da Cia de Talentos, empresa especializada na contratação de jovens profissionais.
A procura por especialistas em tecnologia da informação é tão grande que há dificuldade até mesmo no recrutamento de estagiários. Segundo a empresa de classificados de currículos Catho, esse tipo de profissional é o quarto mais buscado em toda a Bahia.
A gerente de desenvolvimento de carreiras do Instituto Euvaldo Lodi (Iel), Edneide Lima, aponta que, como há poucos estudantes na área, as empresas acabam contratando o primeiro estudante que se mostra apto na entrevista.
“É uma situação atípica. Quando aparece um bom estudante dessa área, ele acaba sendo bastante concorrido. Geralmente, a gente manda para as empresas de três a cinco candidatos por vagas. Quando se trata de TI, um estudante diferenciado vai sozinho ser entrevistado e acaba sendo contratado”, revela.
Tradicionais em alta
Áreas tradicionalmente muito procuradas, como Engenharia, Administração e Direito ainda estão em alta. Segundo a gerente de relações com jovens e universidade da Cia de Talentos, a maioria dos contratados das grandes empresas são destes cursos, além de Contabilidade, Economia, os cursos ligados à Tecnologia da Informação, Marketing e Relações Internacionais.
A surpresa são as engenharias que, apesar de terem a demanda reduzida para trabalhar no campo, acabam contratado para trabalhar dentro das empresas, com gerenciamento de projetos e de processos. “Quase 60% dos meus contratados são engenheiros. Por causa da capacidade de análise, de raciocínio lógico, eles acabam sendo mais demandados. Acredita-se que por essas competências, eles são capazes de gerenciar melhor os recursos”, justifica.
É na área de Engenharia Mecatrônica ou Mecânica, que o jovem Bruno Alencar, 18 anos, pretende se formar. “Tomei minha decisão por causa do meu curso técnico, de mecânica industrial. Eu estava pesquisando algumas empresas e vi que o campo de mecânica é bem amplo, tem bastante mercado”. Para ele, apesar da concorrência, vale a pena se candidatar à vaga.
O problema das engenharias e de outros cursos de maior procura, segundo a gerente de desenvolvimento de carreiras do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), é a concorrência, que começa ainda no estágio. Direito, Administração e Engenharia têm grande volume de vagas, mas também profissionais muito qualificados. “Se você comparar o mercado de agora com o de cinco anos atrás vai ver que as coisas mudaram muito. O profissional tem que fazer o curso que gosta e se especializar”, avalia Leandro Pedrosa.
Edineide Lima, gerente do IEL, diz que a afinidade com a carreira tem que ser prioridade na hora da escolha no Sisu. “Quando os estudantes forem buscar uma formação, eles não podem olhar tanto para o número de vagas. Têm que pensar no que vão fazer por toda a vida”, alerta.
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