A Polícia Federal registrou ter encontrado no apartamento do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) no Rio de Janeiro documento com a anotação manuscrita “cx 2”. No registro, a PF não explica o que seria “cx 2”.
Em nota (leia a íntegra ao final desta reportagem), a defesa de Aécio declarou que o tucano lamenta que “citações sem qualquer informação real sobre a que se referem ou mesmo alguma contextualização que permitam o seu devido esclarecimento” sejam divulgadas por agentes públicos envolvidos nas investigações.
“Ainda assim, asseguramos que uma eventual referência a CX 2 não significa qualquer indício de ilegalidade”, diz a nota. Em um vídeo divulgado na terça (23) para se defender das acusações de delatores da JBS (entenda mais abaixo), Aécio já havia dito ser “vítima de armação”.
No último dia 18, a PF deflagrou a Operação Patmos, na qual cumrpiu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Aécio. Na ocasião, a irmã do senador, Andrea Neves, e um primo dele, Frederico Pacheco, foram presos.
A operação foi deflagrada com base nas delações de executivos da JBS no âmbito da Operação Lava Jato. Em razão do que foi informado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin afastou Aécio Neves do mandato parlamentar.
Na diligência, a PF descreve ter apreendido “diversos documentos acondicionados em saco plástico transparente dentre eles 01 papel azul com senhas, diversos comprovantes de depósitos e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição ‘cx 2′”.
O senador afastado passou a ser investigado por acertar com Joesley Batista, dono da JBS, o pagamento de R$ 2 milhões.
Joesley entregou ao Ministério Público gravação de uma conversa com Aécio na qual eles combinam como será feito o repasse. Ao empresário, Aécio disse que precisava do dinheiro para pagar advogados que o defendem na Lava Jato.
Diligência da PF
No apartamento de Aécio, localizado na avenida Vieira Souto, em Ipanema, a PF também apreendeu diversas obras de arte, entre elas 15 quadros e 1 estátua. Foram, ainda, apreendidos um aparelho bloqueador de sinal telefônico, dois celulares, três pen drives, um caderno espiral e uma fita de vídeo com dedicatória do empresário Alexandre Accioly.
Há também, conforme a descrição da PF, “folhas impressas contendo planilhas com ‘indicações para cargos federais’ com remuneração e direcionamento em qual partido político pertence ou foi indicado”.
Também foi encontrada uma pasta contendo cópias da agenda de 2016 com agendamentos que incluem Joesley Batista e um pendrive em formato do símbolo do time de futebol do Flamengo.
Íntegra
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela defesa de Aécio Neves:
A defesa do senador Aécio Neves lamenta que citações sem qualquer informação real sobre a que se referem ou mesmo alguma contextualização que permitam o seu devido esclarecimento estejam sendo divulgadas para a imprensa por agentes públicos envolvidos na investigação em curso.
Ainda assim, asseguramos que uma eventual referência a CX 2 não significa qualquer indício de ilegalidade. O senador Aécio reitera que em toda sua vida pública, nas campanhas de que participou, agiu de acordo com o que determina a lei.
O senador está à disposição da Justiça para ser ouvido e esclarecer o que for necessário.
Alberto Zacharias Toron
Advogado