A Rede Globo informou na noite desta quarta-feira (8) que o jornalista William Waack será afastado do Jornal da Globo. A decisão acontece depois de um vídeo que mostra um bastidor de uma cobertura do telejornal vazar. Nas imagens, Waack está em Washington, nos EUA, e reclama de um motorista que passa buzinando. “Tá buzinando por que, seu merda do cacete?”, diz o jornalista. Ele diz então para o convidado que está ao seu lado para a transmissão: “No vou nem falar, eu sei quem é…” Depois, ele se vira para o convidado e diz – com o som já mais baixo: “Preto, né? É coisa de preto com certeza”.
A Globo afirmou que a princípio o jornalista está afastado e que a partir de amanhã vai discutir as implicações a longo prazo. Diz ainda que é “visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações”. O próprio Waack ainda não veio a público para comentar o caso, mas segundo nota da Globo ele “afirma não se lembrar do que disse, já que o áudio não tem clareza”, mas pede desculpas a quem se sentiu ofendido.
O telejornal será apresentado por Renata Lo Prete, substituta “oficial” de Waack no programa.
O vídeo é de 8 de novembro do ano passado, na ocasião da cobertura sobre a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA. Waack está ao lado de Paulo Sotero, diretor do Wilson Center, que comentava a ocasião. “Eu acho que o William não é assim. Eu, certamente, não sou assim, repudio racismo”, disse Sotero hoje ao Buzzfeed News. Depois de ver o vídeo, ele afirmou que não conseguiu ouvir o que Waack falou. “Não me impactou na hora, e teria me impactado, porque eu não brinco com racismo, sexismo e homofobia”, garante.
A hashtag #WilliamWaack foi para o segundo lugar entre os assuntos mais comentados do Twitter no Brasil na tarde de hoje por conta do vídeo. “Quem trabalha na Globo e decidiu vazar esse vídeo do William Waack tem nossa eterna gratidão”, comentou um usuário do Twitter. “Vazou um vídeo do William Waack sendo racista. Eu não deveria estar chocada, mas estou”, comentou outra internauta.
Leia a nota divulgada pela Globo:
“Globo é visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações. Nenhuma circunstância pode servir de atenuante. Diante disso, a Globo está afastando o apresentador William Waack de suas funções em decorrência do vídeo que passou hoje a circular na internet, até que a situação esteja esclarecida.
Nele, minutos antes de ir ao ar num vivo durante a cobertura das eleições americanas do ano passado, alguém na rua dispara a buzina e, Waack, contrariado, faz comentários, ao que tudo indica, de cunho racista. Waack afirma não se lembrar do que disse, já que o áudio não tem clareza, mas pede sinceras desculpas àqueles que se sentiram ultrajados pela situação.
William Waack é um dos mais respeitados profissionais brasileiros, com um extenso currículo de serviços ao jornalismo. A Globo, a partir de amanhã, iniciará conversas com ele para decidir como se desenrolarão os próximos passos”
Outros casos
Apresentador do “Jornal da Band”, Boris Casoy protagonizou um caso famoso no país. O gari José Domingos de Melo apareceu em uma vinheta desejando “feliz Natal”, mas uma falha técnica permitiu que um áudio de Boris fosse ouvido. “Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto das suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho”, comentou. Ele foi processado e teve que indenizar o gari em 2010.
Em 2005, o apresentador William Bonner causou polêmica ao comparar o telespectador médio do “Jornal Nacional” a Homer Simpson, pai simplório de “Os Simpsons”. A comparação foi feita diante de nove professores de universidade que visitavam os estúdios. Depois, ele se desculpou e afirmou que usou Homer como exemplo porque ele “representa um pai de família, um trabalhador conservador, sem curso superior, que após uma jornaada de trabalho, quer ter acesso às notícias mais relevantes do dia de forma clara e objetiva”.
Em 1998, durante uma reportagem sobre o Ballet Kirov no “Fantástico”, o apresentador Pedro Bial foi ouvido falando “isso é coisa de veado”.
Fonte: Correio24horas