Batas, kaftans, saídas de praia, colchas, panos da costa, roupas de terreiro e até um vestido de noiva estavam entre as peças bordadas em rechilieu aplaudidas durante o desfile de encerramento do projeto Bordado Sustento Ancestral, realizado nesta quarta-feira (27), no Centro Cultural de Conceição do Coité. As peças são o resultado do projeto que beneficiou diretamente um total de 60 mulheres de comunidades rurais e de terreiros de Candomblé dos municípios de Conceição do Coité e Senhor do Bonfim. Durante a solenidade, as mulheres receberam a certificação pela participação no projeto.
A ação foi executada no período de 15 meses, com recursos da ordem de R$ 382 mil, por meio de convênio entre a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), e a Associação Civil Filhos de Bárbara (ACFBA), contando com a parceria da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).
O secretário da SDR, Jerônimo Rodrigues, ressaltou que o fato de terminar o ano com uma ação como essa é emocionante, e deve ser compartilhada com prefeituras, associações, e secretarias como a Setre. De acordo com Rodrigues, o objetivo é que a renda possa ficar no município, e com as bordadeiras, sem ter que passar por atravessadores, e que esse trabalho possa ser mostrado para comerciantes e empresários e pessoas do mundo da moda: “É renda, cultura e, acima de tudo, ancestralidade, porque os povos de terreiro e de matriz africana têm muito a nos mostrar o quanto é belo e o quanto é rica a cultura deles”.
O presidente da ACFBA e babalorixá, Roberto de Iansã, destacou que tem a honra de concluir o projeto que beneficiou tantas mulheres sem renda, que tiveram, nesse curso, a oportunidade de saírem do ócio, ou às vezes do jugo dos maridos e da falta de perspectivas: “Hoje elas estão sendo diplomadas e mais do que receberem o diploma é terem e levarem consigo o conhecimento pela eternidade, e usufruir disso, transformando o bordado de rechilieu, que é o mais tradicional do Brasil em um incremento de renda”.
O presidente da ACFBA conta que muitas já estão produzindo por encomenda e algumas nem chegaram a concluir o projeto, mas já compraram suas máquinas para bordar: “Hoje elas têm uma condição de renda muito melhor do que antes do projeto, então cumprimos o que tínhamos a fazer”.
De acordo com Dinalva Costa de Jesus, dos povos de terreiro do município de Senhor do Bonfim, que só confeccionava roupas utilizadas no terreiro, ter participado do projeto foi muito gratificante e vai ser um complemento nesse trabalho, além de ampliar a possibilidade de fabricar outras peças como toalhas de mesa, colchas de cama e até vestidos de noiva: “A gente aprendeu o rechilieu para poder fazer para a gente no futuro, para trabalhar, vender e gerar renda para a família. Eu gostei do trabalho, que é também uma terapia”.
“Eu não sabia bordar, aprendi e estou muito satisfeita, afirmou Vanda dos Santos, do Grupo de Mulheres da comunidade de Riacho do Morro, Conceição do Coité, enfatizando que quer continuar, na expectativa de trabalhar para melhorar a renda e a qualidade de vida da família.
Ascom SDR