Um homem de 29 anos, preso em agosto de 2017 por tentativa de homicídio, foi solto pela Justiça após a vítima contratar um advogado para soltar o réu. A história aconteceu na cidade de Sousa, no Sertão da Paraíba, no dia 24 de janeiro, e divulgada nesta quinta-feira (1º) pelas partes envolvidas. O motivo é que a vítima, Sebastião Felizardo, 39 anos, decidiu perdoar o ex-colega de trabalho Hugo Ferreira, que foi preso pelo crime.
João Hélio, advogado contratado pela vítima para soltar o suspeito, explicou que nunca tinha visto nada parecido na carreira. Em 22 de agosto do ano passado, Hugo trabalhava como flanelinha e esfaqueou Sebastião durante uma discussão, segundo a Polícia Militar. Um policial militar passava no local e conseguiu prender o suspeito em flagrante.
Depois de ser ferida, a vítima correu para dentro de uma igreja, onde foi socorrida e encaminhada para o Hospital Regional de Sousa. Sebastião chegou a ficar quatro dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Recuperado dos ferimentos, ele passou a fazer parte de um movimento evangélico e perdoou o Hugo Ferreira pelo crime.
Depois disso, Sebastião conheceu João Hélio e fez a proposta para o advogado para ajudar o agressor. O advogado demorou a entender que Sebastião queria ajudar o homem que tinha tentado matá-lo e não para reforçar para que Hugo continuasse preso.
“Hugo já estava preso há uns quatro meses. Falei para Sebastião que a parte da acusação era com o Ministério Público, que não havia necessidade da minha participação no processo, mas então ele explicou que queria minha ajuda para soltar o seu algoz, e não condená-lo”, relatou o advogado.
Pouco depois da conversa, o advogado fez um pedido de soltura e a audiência foi realizada no dia 23 de janeiro, com participação de Sebastião Felizardo. “O próprio Sebastião manifestou ao juiz, no dia da audiência, que gostaria de retirar o processo, pois havia perdoado Hugo”, explicou João Hélio.
Ao fim da audiência, o juiz José Normando Fernandes decidiu revogar a prisão preventiva de Hugo Ferreira.
Atualmente os dois trabalham juntos no movimento evangélico e são amigos. Hugo Ferreira está desempregado, à procura de trabalho, e Sebastião Felizardo trabalha como vendedor autônomo. Para o advogado, o desenrolar do processo foi a “maior história de perdão” que ele conheceu.
G1/PB