O secretário da Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa, 42, afirmou ao UOL ser favorável à legalização da maconha no Brasil como forma de “quebrar” o faturamento das quadrilhas, principalmente em estados do Nordeste.
Para ele, a questão do tráfico de drogas deve ser encarada como uma atividade econômica. “Se eu tiro 80% do faturamento da maconha de uma quadrilha, estou deixando de fortalecer a quadrilha em 80%”, disse à reportagem em seu gabinete, em Salvador.
Sem mencionar números da pasta, Barbosa diz ver no comércio ilegal de entorpecentes um dos fatores para a explosão de homicídios nas grandes capitais. Crítico às estatísticas sobre violência e segurança pública no país, afirma que tais levantamentos não refletem a realidade de cada estado. O UOL solicitou à SSP estatísticas de homicídios e apreensões de drogas durante a gestão de Barbosa, mas não obteve resposta de sua assessoria.
A entrevista se deu numa sala com vista para um megacentro de monitoramento que recebe imagens em tempo real das cerca de mil câmeras espalhadas pela capital. Também possui duas imagens de São Jorge para enfeitar o ambiente. “Ele [o santo] me dá proteção”, diz o secretário.
Delegado federal de carreira, Barbosa assumiu a secretaria em janeiro de 2011, na gestão do então governador Jaques Wagner (PT). Antes, entre 2017 e 2010, chefiou a Superintendência de Inteligência da pasta.
Filho de um almirante da Marinha, chegou a ser cotado, durante o governo Dilma Rousseff, para assumir a Secretaria Nacional de Segurança Pública, ligada ao Ministério da Justiça.
Durante a entrevista, Barbosa também fez críticas à intervenção federal no Rio de Janeiro, dizendo ser uma “medida emergencial” e “que não ataca o problema”.
LIBERAÇÃO DA MACONHA NO BRASIL
“Muitas pessoas vieram com as experiências do Uruguai, da Holanda, dizendo: ‘Olha! Eles liberaram a maconha, mas não foram capazes de reverter a violência’. É por isso que eu acho que as coisas ainda carecem de estudo acadêmico a respeito de como foram feitas. Mas acho absolutamente louvável que eles tiveram uma ação diferenciada, de não só fazer a repressão, ou seja, fizeram alguma coisa. Na cabeça deles, pensaram: ‘Vamos tratar as pessoas, em vez de ficarmos aqui tratando somente o lado repressivo”. Nós temos que tentar.
Enquanto se colocar traficantes dos estados para cumprir pena temporária nesses presídios federais, nós estamos fazendo com que o crime organizado, das grandes facções, jogue seus tentáculos para o Brasil inteiro. Com quem ele vai encontrar por lá? Juntou a fome com a vontade de comer.
Para ler a matéria completa clique aqui.