É proibido proibir. Esse foi o grito de guerra da Revolução de Maio de 1968, quando os jovens – enfants enragés – pararam a Franca durante semanas. O presidente De Gaulle devolveu a tranqüilidade ao País, mas o espírito da Revolução de Maio ganhou o mundo.
ATÉ POUCO tempo, a criança tinha pouca “autoridade” na família. Hoje, em contrapartida, ela manda mais do que deveria mandar. Isso é um erro grave, pois dizer “não” faz parte da boa educação. É necessário fazer os filhos entenderem que nem tudo é como eles pensam ou querem. Há crianças, hoje, que de seus 6 ou 7 anos, proclamam: Mãe, você não manda em mim! Pior do que isso é quando os pais aceitam essa tirania infantil. A tirania se manifesta também na escola, quando o professor(a) parece ser o último a mandar. E muitos país, autorizam a rebeldia dos filhos, colocando-se contra os professores.
PAIS E filhos não são iguais. Não se trata de autoritarismo, mas sim, de entender os papéis de cada um. O pai é autoridade, guia, legislador, orientador etc. Não adianta querer ser “amiguinho” do seu filho tratado-o em pé de igualdade. Aí vem o centro da questão: Lembre-se de que ser amigo do seu filho é ajudá-lo a ser pessoa certa para si mesmo e para a sociedade. Há necessidade de fazê-los compreender que têm deveres e responsabilidades e esses os ajudarão a serem cidadãos bons, livres e honestos
QUANDO os pais não castigam seus filhos, a vida se encarregará de fazê-lo, diziam os antigos. No passado se praticavam castigos corporais, humilhantes e duros. Hoje, todos estão contra este tipo de atitude. No entanto, os pais têm obrigação de apontar limites aos filhos. Devem indicar o certo e o errado, o direito e o dever, pressupostos normais para a vida social. Quando os limites não são fixados estamos criando egoístas e irresponsáveis.
OS PAIS têm o dever de dizer Sim e Não aos filhos, na hora certa. Muitas vezes dizer Não é um gesto de ternura; outras vezes dizer Sim é omissão. Amar é dizer Sim e Não na hora certa. É preciso, jamais perder a autoridade, a serenidade e a dignidade, nem reagir de modo absurdo ante a rebeldia do filho, mas ter equilíbrio para controlar a situação. Haja o que houver, cabe aos pais manter aberta a porta do diálogo. Podem divergir, mas devem continuar amando seus filhos.
+ Itamar Vian
Arcebispo Emérito