Com a greve dos caminhoneiros, que chegou ao 8º dia na segunda-feira (28), cerca de 170 mil frangos morrem por dia na Bahia, segundo dados divulgados pela Federação da Agricultura e Pecuária do estado (Faeb). Em Governador Mangabeira, a cerca de 140 quilômetros de Salvador, uma única granja perdeu mais de 50 mil frangos morreram por falta de alimento e teve um prejuízo de cerca de R$ 400 mil, segundo a Associação Baiana de Avicultura (ABA).
E a situação deve ainda piorar. A projeção, conforme a Federação da Agricultura e Pecuária é de que a partir de terça-feira (28) o número de aves mortas por dia passe a ser de 500 mil.
Por causa dos bloqueios dos caminhões em rodovias federais e estaduais de todo o país, as granjas de regiões produtoras ficam desabastecidas, sem milho, sorgo e sem insumos para alimentaar as aves. Mortes de frangos já foram registradas ainda em granjas dos municípios de Conceição da Feira e Santo Antônio de Jesus. Caçambas e até retroescavadeiras são utilizadas para retirar os animais mortos das granjas.
“As aves, hoje, estão uma canibalizando a outra, comendo a carne da outra tentando sobreviver. É um momento dramático, além do prejuízo com a fruticultura, na pecuária de leite. Todas as atividades pagam um preço um pouco caro disso e que a gente entende que precisa ser resolvido rapidamente pelo governo federal e pelo governo do estado com ações emergenciais para minimizar esses prejuizos”, afirmou o presidente da Faeb, Humberto Miranda.
Conforme a Associação Baiana de Avicultura, o estado conta hoje com 17 milhões de aves e, se todas morrerem, o prejuízo pode chegar a R$ 70 milhões.
Em toda a Bahia, segundo a ABA, há 12 frigoríficos de frangos e 485 granjas. Eles abastecem o mercado baiano, o de estados vizinhos e até importam para outros países. Em muitos deles, segundo o órgão, o estoque de alimentos para as aves terminou na sexta-feira (26).
“A situação nos planteis está calamitosa, muito preocupante, porque, com a greve, não chega ração. As aves morrem em questão de horas. E, se continuar desse jeito, vai virar caso de saúde pública, porque não vai local onde descartar tantas aves mortas”, disse a diretora executiva da ABA, Patrícia Nascimento.
A ABA divulgou uma nota em que pede aos caminhoneiros que liberem a passagem de veículos que transportam ração para as granjas, assim como de caminhões que transportam aves vivas para o abate, para que, conforme o órgão, “a catástrofe não seja ainda maior e se torne um problema sanitário e de saúde pública”.
A ABA destacou que devido à falta de ração, em poucas horas, as aves começam a se alimentar uma das outras e, após um dia sem alimento, ocorre a mortalidade generalizada.
“Caso não chegue a ração nas granjas, teremos consequências desastrosas, posia as aves mortas não poderão ser enviadas para abate e não terão onde ser descartadas, pondo em risco a saúde pública e a contaminação do meio ambiente”, destacou o órgão, em nota.
G1