O protesto dos caminhineiros contra a alta no preço do óleo diesel chegou ao segundo dia. Nesta terça-feira (22), em Feira de Santana, os protestos se concentram na BR-101. Ontem houve bloqueio na BR-324 provocando um longo congestionamento.
Na Bahia, de acordo com a PRF, houve bloqueios na BR-324, na altura de Amélia Rodrigues. Os caminhoneiros fecharam outro trecho da BR-324, no Km 430, em Riachão do Jacuípe, a 186 km de Salvador. Por volta das 4h, os motoristas interditaram dois pontos da BR-116, no Sudoeste do estado, segundo a ViaBahia: no Km 814, no trecho da cidade de Vitória da Conquista, e no Km 672, da BR-116, em Jequié. No Km 875 da BR-242, na cidade de Luis Eduardo Magalhães, Oeste do estado, os manifestantes fecharam os dois sentidos da via.
Mas aqui no estado, o protesto começou há pouco mais de uma semana. Desde o último dia 14, caminhoneiros autônomos, que trabalham fazendo a carga e descarga de produtos importados e exportados no Porto de Salvador, cruzaram os braços. Além disso, os trabalhadores estariam fazendo pressão para evitar a movimentação de cargas por parte das empresas transportadoras, como noticiado ontem na coluna Farol Econônomico.
A estimativa de representantes das transportadoras é de que até 6 mil contêineres tenham deixado de ser movimentados no período. O Terminal de Contêineres (Tecon) não se pronunciou a respeito do assunto.
O que eles querem
Aqui na Bahia, a pauta de reivindicações dos motoristas é pelo reajuste na tabela de frete, que estaria congelada há três anos, e a reposição de parte da alta do óleo diesel. O percentual cobrado é de 38%. As empresas transportadoras ofereceram na última semana uma contraproposta de 15%, parcelados em duas vezes.
Nacionalmente, a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) pede que o governo zere a carga tributária que incide sobre o óleo diesel. Também cobra a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a receita decorrente da venda interna de óleo diesel ao transportador autônomo de cargas.
Associações que representam o setor produtivo, como a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) e Associação das Empresas Cerealistas do Brasil (Acebra), se mostraram preocupadas com o efeito da paralisação no escoamento da soja. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) disse que ainda é cedo para traçar potenciais prejuízos, mas destacou estar monitorando os protestos.
O vice-presidente do Conselho de Portos da Fieb, Sérgio Faria, avalia o cenário de reajustes diários dos combustíveis como muito negativo para o país. “O governo precisa rever isso”, acredita. Apesar disso, ele lamenta que o setor produtivo esteja sendo prejudicado por uma questão que, na opinião dele, deveria ser solucionada pelas transportadoras e os motoristas autônomos. “Várias fábricas dependem de peças e insumos que chegam pelo porto ou saem por terminais secundários que não podem ser abastecidos. É de se imaginar que é assustador ter, por uma semana, toda uma parcela significativa da economia baiana paralisada”, disse.
Empresas como a Ford, Continental e Engepack, entre outras instaladas no Polo Industrial de Camaçari, estariam tendo dificuldades para receber matéria-prima, e manter as unidades em operação, como mostrou o Farol Econômico. Em outros casos, a paralisação prejudica aquelas indústrias que produzem, mas não conseguem escoar os seus produtos.
Pelo Brasil
No Porto de Santos, caminhoneiros protestaram, mas a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) disse que o ato era pacífico, sem bloqueio à entrada de caminhões cujos motoristas queriam seguir. O protesto começou na madrugada e não houve interrupção no acesso ao porto. O único incidente ocorreu em acesso no município de Guarujá (SP), onde uma carreta foi desatrelada e atrapalhou o fluxo da via urbana até a região portuária.
Em Mato Grosso, estado que lidera a produção de grãos do país, caminhoneiros bloquearam no início da tarde a BR-364 no Km 398 sentido sul, no Distrito Industrial de Cuiabá, informou a concessionária Rota do Oeste. A manifestação começou às 8h12, foi interrompida ao meio-dia e retomada à tarde.
Em Pernambuco, a manifestação aconteceu no Km 83 da BR-101, em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife. O ato ocorre nas imediações da fábrica da Vitarella. De acordo com a PRF, os caminhões estão estacionados em uma das faixas da rodovia.
No Ceará, cerca de 50 caminhoneiros bloqueiam trecho da BR-020. Um dos bloqueios é no Anel Viário, em Maracanaú, no Km 419, em frente ao Posto Pioneiro. Os sentidos Caucaia/Fortaleza e Fortaleza/Caucaia estão alterados. Os trabalhadores queimaram pneus para impedir a circulação do trânsito. O Corpo de Bombeiros foi acionado.
A Petrobras defende que as revisões diárias podem ou não se refletir para o consumidor final. Mas, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e dos Biocombustíveis (ANP), o preço médio do diesel este ano já acumula alta de 8%. No mesmo período, a inflação acumulada é de 0,92%.
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