Bahia é o estado do país com o maior número de mortes violentas de jovens entre 15 e 29 anos, segundo dados do Atlas da Violência, pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta terça-feira (5), com base em informações do Ministério da Saúde.
Desde 2009, o estado lidera o ranking nacional, em números absolutos de mortes, segundo apontou a pesquisa. Em 2006, 2007 e 2008 quem liderou foi o Rio de Janeiro.
Em 2006, conforme o levantamento, o estado contabilizou 1.947 mortes de pessoas entre 15 e 29 anos. Já em 2016, foram contabilizados 4.358 mortes — aumento de 123,8% em dez anos. O percentual só fica atrás dos registrados nos estados do Rio Grande do Norte (382,5%), Maranhão (130%) e Acre (128,2%).
No ano passado, também em números absolutos, Rio de Janeiro e Minas Gerais apareciam na segunda e terceira colocação, respectivamente.
Considerando a taxa de homicídios por 100 mil jovens na faixa etária de 15 a 29 anos, a Bahia ficou em quarto lugar no ranking nacional em 2016, com 114,3. O estado ficou atrás de Sergipe (142,7), Rio Grande do Norte (125,6) e Alagoas (122,4).
Em dez anos (2006 a 2016), a taxa de homicídios por 100 mil jovens na faixa etária de 15 a 29 anos na Bahia subiu 150,5% — saiu de 45,6 em 2006 para 114,3 em 2016.
O estudo aponta que a maior parte dos jovens mortos é do sexo masculino. Em todo o país, 33.590 jovens foram assassinados em 2016, sendo 94,6% do sexo masculino. Esse número representa um aumento de 7,4% em relação ao ano anterior.
A Bahia registrou em 2016 taxa de homicídios de jovens homens de 218,4 por 100 mil jovens de 15 a 19 anos. O estado ficou atrás apenas do Rio Grande do Norte (237,3), Alagoas (240,0) e Sergipe (280,6).
Em todo o país, a taxa média de homicídios de jovens homens foi de 122,6 por grupo de 100 mil, em 2016. Em termos de variação da taxa de homicídios de jovens homens, o país apresentou, em 2016, elevação de 8,0% em relação ao ano anterior. A Bahia tem variação de mais de 20% se comparado 2016 com 2015.
Na Bahia, a taxa de homicídios por 100 mil jovens homens na faixa etária de 15 a 29 anos de idade foi de 84,1 em 2006 e saltou para 218,4 em 2016 — variação de 159,8%.
Governo rebate
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) rebate os dados do Atlas da Violência e critica a metodologia empregada.
Conforme apontou a pasta, a Bahia registra progressiva diminuição dos índices de mortes violentas. Afima que, nos cinco primeiros meses deste ano, o índice recuou 12,6%, no estado, em relação ao mesmo período de 2017, o que, conforme o órgão, demonstra o resultado do trabalho integrado das polícias Militar, Civil e Técnica.
Ainda segundo a SSP, com os investimentos feitos na contratação de novos policiais, entregas de novas estruturas, uma delas o Centro de Operações e Inteligência, no ano de 2017, comparando com 2016, a Bahia alcançou a redução de 5,2% nas mortes violentas. De 2015 para 2016, em Salvador, os crimes contra a vida caíram 3,1% e, no estado, houve um aumento de 12,4%, aponta a SSP.
O secretário Maurício Barbosa lamentou a divulgação do ranking de mortes violentas no Brasil, que, segundo ele, não leva em consideração que os estados nordestinos figuram sempre como mais violentos, pois contam as ocorrências usando uma metodologia mais fiel à realidade.
O secretário disse, ainda, que a pesquisa, quando fala em mortes violentas, coloca no mesmo patamar o assassinato praticado por um criminoso e os casos em que policiais, quando atacados, reagem proporcionalmente em legítima defesa dele e da sociedade.
Na avaliação da SSP, as mortes por arma de fogo, no Brasil, são reflexo da falta de uma política nacional de segurança, com ausência de combate à entrada de armas através das fronteiras. Em 2018 a polícia baiana, nos quatro primeiros meses, chegou a uma média de 22 armas apreendidas por dia, afirma o órgão.
Com relação à morte de jovens, a SSP defende a maior participação dos municípios, na proposição de ações sociais como o Mais Futuro e o Partiu Estágio, que oferecem novas perspectivas. Sem as criações de oportunidades de emprego como estas, o tráfico acaba cooptando os adolescentes, afirma o órgão. Ainda de acordo com a SSP, os jovens que mais morrem são também os que mais matam.
No que diz respeito à morte de negros, a SSP disse que está analisando os dados do período divulgado, tomando como base a faixa de população negra do estado, de 76%, a maior do país.
G1/BA