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A campanha eleitoral no México foi marcada por diversos casos de violência e homicídios. Segundo especialistas, esta foi a campanha mais violenta já registrada no país. O Instituto Nacional Eleitoral (INE) confirmou que, até o início desta semana, 122 candidatos e pré-candidatos foram assassinados. Analistas, defensores de direitos civis e autoridades apontam os grupos organizados, chamados de cartéis, como responsáveis pelas mortes. As eleições gerais no país estão marcadas para o próximo domingo (1º).
A consultoria independente do México Etellekt considera o período de setembro de 2017 a junho de 2018 para análise. Ao menos 104 homens foram assassinados e 18 mulheres, de acordo com o último relatório. No mesmo período, foram assassinados 351 funcionários públicos – mortes não associadas à campanha eleitoral.
O México tem 31 estados e mais o Distrito Federal. De acordo com a México Etellekt, as regiões mais violentas são Guerrero, com 27 mortes, e Oaxaca, com 19. O maior número de agressões ou ameaças contra políticos na campanha eleitoral de 2017 a 2018 foi registrado nos estados de Guerrero, com 53 e no estado do México, com 40.
Em várias ocasiões, o presidente do INE, Lorenzo Córdova, negou que a violência interfira no processo eleitoral. Segundo ele, as eleições estão inseridas em um contexto de violência que já estava definido. “O ano passado foi o mais violento da história do país independentemente das eleições”, ponderou.
Cartéis
O sociólogo Javier Monroy, coordenador do Tadeco, organismo civil do estado de Guerrero, disse à Agência Brasil que os números são uma amostra da “interferência do narcotráfico na política mexicana”. De acordo com ele, os crimes não se limitam a ideologia ou tendência política.
“Foram assassinatos de políticos de diferentes partidos e diferentes correntes. O que vimos aqui são mortes que decorrem de compromissos, conflitos de interesses e disputas dos grupos criminais que lutam entre si por regiões”, afirmou. “Há também casos de políticos assassinados que entraram em conflito em campanha com esses atores locais.”
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Formado em Sociologia pela Universidade Autônoma do México (Unam), Monroy se dedica à comunidade em Guerrero, coordenando oficinas comunitárias do comitê de desaparecidos no estado. Segundo ele, na organização em que atua, houve ameaças de mortes e agressões. A entidade trabalha em defesa dos direitos humanos e da punição de criminosos.
Mais segurança
A Anistia Internacional no México avalia que a morte de políticos é um reflexo da violência geral que afeta o país. No primeiro trimestre, foram registrados 7.667 homicídios, quase 20% mais que no mesmo período do ano passado.
“A violência na política e a violência em geral mostram que a guerra às drogas fracassou e o que se vê agora é que o narcotráfico ganhou espaço nestes 10 anos em que foi combatido militarmente”, afirmou Raquel Aguilera, uma das representantes do escritório da Anistia no México.
Em entrevista à Agência Brasil, Raquel disse que a Anistia acompanha a campanha eleitoral e pediu que o governo garanta a segurança aos eleitores na votação de domingo (1º).
“Para a Anistia Internacional é muito importante que cada região seja acompanhada e que também os candidatos majoritários se posicionem sobre este tema da segurança de maneira mais clara e com propósitos definidos”, destacou.
Agência Brasil