Documentos inéditos da busca e apreensão da Polícia Federal na Operação Skala, deflagrada em 29 de março, apontam novas conexões entre empresas do setor de portos na mira das investigações e o coronel João Batista Lima Filho, dono da empresa Argeplan e amigo do presidente Michel Temer.
O coronel Lima, preso na operação, nega relação com a empresa Rodrimar, investigada no chamado inquérito dos portos sob suspeita de ter se beneficiado de um decreto assinado por Temer em 2017. Em troca, supostamente pagou propina ao presidente, que nega.
O blog obteve acesso à íntegra do relatório da PF, que está sob sigilo, referente à busca e apreensão envolvendo alvos da Skala. Entre outras pessoas, a operação levou à prisão amigos de Temer – como Lima – e empresários do setor de portos – como o ex-presidente da Rodrimar.
O documento da PF revela que na casa de Carlos Alberto Costa, sócio do coronel Lima, os investigadores encontraram uma bolsa contendo documentos das empresas Rodrimar, Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e Libra em um depósito/maleiro.
Ainda na casa dele, no closet do quarto do bebê, foi encontrado um arquivo morto com dados da Codesp e um arquivo morto com dados do Grupo Libra, contratos, aditivos contratuais e receitas financeiras.
A PF também achou quatro armas estrangeiras, uma espingarda calibre 12 e uma pistola calibre 9mm, fabricadas nos Estados Unidos, e mais duas pistolas 9mm fabricadas na Alamenha e na República Tcheca. Além disso, mais um revólver Taurus calibre 32 e munições.
Carlos Alberto Costa foi preso em flagrante por causa da posse de armas e munições de uso restrito e em situação irregular.
Elo Rodrimar e coronel
As buscas reforçam a ligação que está sendo investigada pela PF sobre um suposto vínculo entre o coronel e a empresa Rodrimar, suspeita de pagar propina em troca de um decreto assinado pelo presidente.
O delegado Cleyber Malta Lopes, responsável pelo inquérito dos portos, ouviu em 17 de maio o contador Almir Martins, que presta serviços para a Argeplan e foi contador das campanhas de Temer em 1994, 1998, 2002 e 2006.
A Argeplan pertence ao coronel aposentado da PM João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer. Lima foi preso na Operação Skala, suspeito de receber R$ 1 milhão do grupo J&F para o presidente.
A PF suspeita que o contador Almir Martins seja “laranja” do coronel Lima.
Martins contou à PF que foi indicado por um diretor da Argeplan, que já morreu, para a função de gerente da Eliland do Brasil – braço de uma empresa sediada no Uruguai.
O contador admitiu aos investigadores que se recorda de contrato firmado entre a Eliland do Brasil e a Rodrimar, mas disse não se lembrar do objeto nem dos valores envolvidos – apenas que os pagamentos ocorreram até o ano de 2010.