O juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, decidiu adiar para novembro os interrogatórios de Luiz Inácio Lula da Silva e outros réus da ação penal que julga eventual favorecimento do ex-presidente no pagamento de propinas por meio de reformas em sítio de Atibaia cuja propriedade é atribuída a ele pelo Ministério Público Federal.
De acordo com a acusação, as reformas foram pagas por empresas contratadas pela Petrobras. A defesa nega a tese do Ministério Público Federal e diz que o sítio não está em nome do ex-presidente. Os interrogatórios estavam previstos para ocorrer em setembro, durante a campanha presidencial.
“A fim de evitar a exploração eleitoral dos interrogatórios, seja qual for a perspectiva, reputo oportuna redesignar as audiências”, escreve Moro em despacho.
A nova data do interrogatório do ex-presidente está prevista para 14 de novembro – no mesmo dia do pecuarista José Carlos Bumlai.
Além dos dois, são réus na ação penal mais 11 pessoas. As audiências de todos foram adiadas para ocorrer a partir de 5 de novembro. Os interrogatórios dos réus são a fase final do processo, antes da decisão judicial.
O ex-presidente Lula está preso desde 7 de abril em cela especial na sede da Polícia Federal em Curitiba, cumprindo pena de 12 anos e 1 mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro na ação penal do caso do triplex do Guarujá (SP).
Em nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, disse que um processo criminal não pode ser baseado no calendário eleitoral. “A mudança das datas dos depoimentos, porém, mostra que a questão eleitoral sempre esteve e está presente nas ações contra o ex-presidente Lula que tramitam em Curitiba”.