Ando até querendo me envolver com as eleições, mas está tudo um “inferno”, como diria Carola, mulher de Beto Falcão que acabou de levar o maior corno da história das novelas. Está complicado escolher um candidato que traga alento para minhas aspirações e se depender dos slogans de campanha e programa de governo não vai dar, embora eu não queira engrossar o Ibope de votos brancos e nulos e terei de terminar votando em uma miséria qualquer, por ser melhor do que nada e dentro da filosofia estritamente brasileira de pior do que está não pode ficar ou que venha o menos ruim.
Estive prestando atenção nos slogans criados pelos marqueteiros para os candidatos à presidência e não consegui me identificar, uma vez que Marina da Rede me diz que “Não dá mais…” Aí fiquei pensando: não dá mais o quê? Quer dar dê, ninguém tem mesmo nada ver com isso. Se der, deu!
João Goulart do Pátria Livre diz que “quem gosta do Brasil vota” (nele), daí lembrei que todos gostamos do Brasil e se for dentro dessa ideia le terá a totalidade dos votos dos brasileiros e confrontei com uma premissa do governo militar, quando em plena ditadura – que o pessoal mais jovem não sabe porque não viveu e acha que não aconteceu e os mais velhos que vivenciaram estão com problemas de memória e não lembram que ocorreu – disse: “Brasil, Ame-o-o ou Deixe-o”. Eu era garoto e amava o Brasil, mas na frase eu ficava admirado era como o artigo depois da palavra. Uma frase bonita por fora e feia por dentro, uma conceituação fascista.
Já o Cabo Daciolo, aquele que deve curtir a Chapada Diamantina nas férias para ver disco-voador e deve caçar ETs em Varginha, me diz que “Deus está no controle”. Aqui em casa minha filha é Deus, pois não consigo tomar o controle da TV da sua mão. É uma briga todo dia pelo controla da tv a cabo. Mas qual será o controle que Deus está na mão? Vá saber o que o abduzido Daciolo Patriota está dizendo. Coisa só para iniciados.
Lá vem Eymael com seus olhinhos apertadinhos, cara de quem está cometendo uma inconfidência e tocando terror vocifera: “Sinais, temos sinais”. Que diabo ele está querendo me dizer. Sinal do fim do mundo? Sinal da chegada dos quatro cavaleiros do apocalipse (Peste, Guerra, Fome e Morte)? O sertão vai virar mar? O Mar virar sertão? Trump sofrerá impeachment? A China vai dominar o planeta?
Meirelles do MDB, me olha e diz: “Me chame que vou”. Pensei: – Não vá para a casa da zorra, não! Veja se vou chamar Meirelles! Ele tem cara de que vai para a balada e na hora de dividir a conta finge dor de barriga e se esconde no banheiro. Tem jeito de que pechincha na hora de pagar picolé Capelinha e coloca prego nas tiras das havaianas quando quebram. Tô fora!
Me aparece do nada o Ciro Gomes garantindo: “Você quer, você pode! ”. Taí. Ando querendo um veleiro de 42 pés, uma lancha, uma cobertura na Vitória. Um papo com Bruna Marquezine. E tirar uma unha encravada sem sentir dor.
O que dizer de Boulos que me mande ir para o Facebook, e se vou para o Facebook só encontro malucos irados trocando ofensas, tanto em sua página como das dos outros. Me abstenho.
Alckmin olha para a câmara e só faltando apontar e garante: “Não sou diferente de você!”. Caramba, paro e reflito, será que sou tão sem graça assim. Será que ninguém realmente gosta de mim? Vade retro.
A Vera do PSTU me mata logo de susto quando aparece no programa eleitoral gratuito e garante: “É rebelião! ”. Pasmo coro para a varanda para ver se os estudantes foram às ruas, se os idosos estão se arrastando em turbas, se os militares tomaram de novo o poder, se dessa vez a ditadura será de esquerda, se as mulheres decidiram que o Brasil é delas. Mas a rua, pelo menos a minha está calma. Mas ando preparado para a rebelião. Vá saber! Vera passou uma fake News e eu engoli.
Surge Haddad, que já nem sei se é ele ou Lula, pois Lula disse que não é mais huimano é uma ideia e acho Haddad uma ideia de corno, que não sei quem é quem e garante “O povo feliz de novo”. Faz tempo que ando triste e já acho que nem para povo sirvo, pois cadê a tal da felicidade que não bate na minha porta?
Bolsonaro aparece, olha para o céu a afirmar: “Brasil acima de tudo”. Zorra, se ele olhou para cima significa que o Brasil está ou flutuando, ou levitando, ou voando ou vai cair na nossa cabeça. Senão porque ele estaria falando e olhando para cima?
E para completar meu martírio, minhas preocupações, logo em seguida aparece Álvaro Dias e manda que “abra os olhos”. Já não consigo dormir.
Meus Deus, me ilumine. Me mande um voto marcado.
Escritor e jornalista: [email protected]