Marina Silva e (Rede) e Henrique Meirelles (MDB) desistiram na última hora de participar de uma reunião nesta terça (25) em São Paulo com Geraldo Alckmin (PSDB) e Álvaro Dias (Podemos) a fim de tratar da possibilidade de se unirem em torno de uma candidatura presidencial única de centro na reta final do primeiro turno.
A reunião, articulada pelo advogado Miguel Reale Júnior, ex-ministro da Justiça e um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (PT), ocorreria às 9h, no Instituto dos Advogados de São Paulo. Fora confirmada em uma reunião virtual na manhã de segunda com assessores dos candidatos.
No início da noite desta segunda (24), após a divulgação da pesquisa do Ibope, Marina e Meirelles avisaram que não iriam mais participar. A pesquisa mostrou que a disputa está polarizada entre Jair Bolsonaro (PSL), com 28%, e Fernando Haddad (PT), com 22%. “Hoje poderia ter sido um grande dia”, afirma Reale, que passou a última semana costurando o encontro. “Espero que tenhamos uma nova chance”, afirmou à Folha.
A articulação para a reunião começou após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fazer um apelo, em carta endereçada aos eleitores, pela união dos candidatos “que não se aliam a visões radicais”.
No documento, sem mencionar nomes, o ex-presidente defende um acordo em torno do candidato que tenha melhores condições de êxito eleitoral, caso contrário, “haverá o aprofundamento da crise econômica, social e política”.
João Amoêdo (Novo) também foi chamado para a conversa com os quatro presidenciáveis, mas não aceitou. Ciro não foi chamado, pois rechaçou a hipótese após a divulgação do manifesto de FHC.
“Qualquer dos polos da radicalização atual que seja vencedor terá enormes dificuldades para obter a coesão nacional suficiente e necessária para a adoção das medidas que levam à superação da crise”., disse o ex-presidente no documento.
Embora não os cite nominalmente na carta, FHC refere-se a Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). Sobre o primeiro, afirma que tantas vezes estimulou o ódio. Em relação ao petista, o trata como o candidato que representa um líder preso por acusações de corrupção. “A que ponto chegamos”, disse, ao apontar que Bolsonaro liderara as pesquisas e Haddad é o seu principal opositor. “Ainda dá tempo para deter a marcha da insensatez.”
Folha de São Paulo