Um dos nove jovens que morreram pisoteados após uma ação da Polícia Militar em um baile funk em São Paulo era baiano. O vendedor de produtos de limpeza Mateus dos Santos Costa, 23 anos, morava em Carapicuíba, na Grande São Paulo, e gostava de ir para os bailes de Paraisópolis às vezes para se divertir. A festa reunia cerca de 5 mil pessoas quando os PMs chegaram em uma perseguição, segundo relato da corporação, e encurralaram os frequentadores.
“Ele vendia produto de limpeza em caminhão, pagava o aluguel da casinha dele e volta e meia ia ver a gente ou a gente ia lá ver ele. Era um menino tranquilo, se fosse menino errado eu não ia negar”, disse ao jornal Agora a doméstica Sílvia Ferreira Gonçalves, 41, cunhada do Mateus. “Ele só foi lá porque em Carapicuíba não tem opção. Nem a gente que é casal tem para onde ir”, disse ela, ao lado do marido Moisés, irmão de Mateus.
Sílvia diz que o cunhado nunca fez nenhum relato de ter presenciado violência no baile antes. “Ele já tinha ido várias vezes a este baile com o meu filho e nunca aconteceu nada. Mas desta vez, o meu filho não foi, pois estava na casa da namorada”, acrescenta, afirmando que a família ficou em choque ao receber a notícia.
Mateus morava sozinha e não deixa filhos. Como os pais ainda moram em Maracás, no interior da Bahia, o corpo será encaminhado para a cidade pra o sepultamento.
O rapaz se mudou da Bahia para São Paulo há cerca de cinco anos em busca de uma vida melhor. “O que a polícia fez foi errado. Não é assim que tem que entrar nos lugares. A irmã dele está grávida e a mãe dele é cadeirante”, diz a cunhada.
O irmão da vítima critica a maneira de agir da PM. “Tem várias maneiras de dispersar um baile. Não precisava fazer isso. Jogaram eles para um beco para espancamento mesmo”, diz.
Fonte: Correio