O deputado estadual e líder do PSD na Assembleia Legislativa da Bahia, Alex da Piatã (PSD), em um discurso em evento de campanha eleitoral em Conceição do Coité, externou a sua preocupação com a fiscalização ferrenha do Ministério Público do Trabalho (MPT) sobre os trabalhadores do ramo de sisal.
O político afirmou que é necessário um diálogo profundo de antemão para não prejudicar uma cadeia produtiva forte na região norte e nordeste da Bahia, cujo risco de um colapso que culmine em milhares de desempregados é iminente.
“Recebi centenas de ligações de uma ação do MPT, principalmente no sertão na região de Jacobina, mas que nos interessa em Conceição do Coité. O MPT está fiscalizando muitos produtos, fazendas e recolhendo motores, notificando e aplicando multas vultuosas. Reconhecemos e sabemos que a justiça está fazendo seu papel. Não estou aqui falando contra o Ministério Público. Nossa preocupação é que milhares de trabalhadores estão ficando desempregadas e não vão ter como comprar o pão de cada dia. Estão parando os motores de uma hora para outra sem fazer nenhuma discussão”, disse.
O político defendeu que o assunto não seja tratado de maneira genérica, pois milhares de pessoas já estão dentro de casa sem perspetiva de fazer a sua feira. “Isso vai refletir na região do Sisal, pois o sisal de lá vem pra cá. Essa ação vem para aqui também. O meu alerta, meu pedido, inclusive já liguei para outras autoridades do legislativo e executivo do Estado, da União, possa sentar com o MPT para encontrarmos um caminho e não tenhamos essas famílias desempregadas”, alertou.
A fiscalização acontece meses depois do programa Câmera Record ter visitado cidades do interior da Bahia, cuja reportagem denunciou situações questionáveis sobre o trabalho no campo do sisal.
Diretor Sindical Urbano Carvalho agradeceu ao deputado pela sua preocupação
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais e da Agricultura Familiar de Conceição do Coité e um dos mais defensores da categoria não só em Coité como toda região, Urbano Carvalho que trabalhou em campos de sisal agradeceu Alex pela preocupação e reforçou o pedido de empenho do deputado no sentido de evitar o desemprego em massa.
Segundo Urbano a intervenção do MPT aconteceu em Várzea Nova e Lajes do Batata Distrito de Jacobina onde segundo ele mais de mil famílias tiveram que suspender o trabalho repentinamente, ele reconhece que precisa haver uma regularização, mas não deve ser dessa forma, segundo ele os donos de motores de sisal geralmente são encontrados trabalhando entre os outros peões, servando e residando para poderem ‘fazer a feira’ “e numa situação de parar essas pessoas perdem o direito de comer. Estou muito preocupado com essa situação de Lajes do Batata que ela se estenda até nós aqui, porque aqui é nossa região, os donos de campo são os próprios donos de motores na maioria e são campos pequenos o maior deve alcançar quinhentas tarefas de terra e essa ação significará um baque na economia”. lamenta Carvalho.
O sindicalista admitiu que depois da reportagem na TV Record alguma ação aconteceria por parte do MPT , mas que antes deveria ter um diálogo com os movimentos sociais como ocorreu no então Governo Fernando Henrique Cardoso, na oportunidade houve situação semelhante para evitar o trabalho infantil nas lavouras de sisal, “naquela ocasião houve um dialogo os órgãos competentes vieram dialogar com os movimentos sociais, mostramos a situação e encontramos uma saída para tirar as crianças dos motores de sisal naquela época, afirmou Urbano.
Urbano disse ao Calila Notícias que pelo menos no território do sisal os donos de motores de sisal não têm a minima condição de atender o que pede o MPT para regularização do trabalho na lavoura de sisal, segundo ele, muitos deles estão devendo na batedeira de sisal mais o valor de sua estrutura de trabalho, ou seja, se vender o motor não paga o que deve a quem fornece o sisal, e diante disso ele não tem condição de assinar a carteira de um trabalhador sequer. Aqui na região dono de motor e peão não são diferentes, toda estrutura includo o jegue só vale três mil reais, como ele vai poder assinar carteira de três, quatro trabalhadores? Não tem como, ele é um cara que trabalha pra comer”, finalizou o sindicalista.
Veja o que diz a Portaria do MPT
Reportagem CN e Bahia Assessoria e Comunicação