O jornal norte-americano “The New York Times” publicou na quinta-feira (19) o obituário do humorista baiano Jotinha, que morreu no início deste mês, aos 52 anos, após falência múltipla dos órgãos, em decorrência da Covid-19. Na publicação, o jornal traduziu o nome artístico do humorista para “Little J”.
O obituário do jornal faz parte de uma série sobre pessoas que morreram por causa da pandemia do coronavírus e traz uma parte da história de Jotinha.
“Quando alguém em 2016 enviou uma mensagem para um grupo de whatsapp brasileiro, provocando a baixa estatura e voz aguda de José Luiz da Silva, o senhor Silva viu e ofereceu a outra face – com um resultado surpreendente”, escreveu o jornal, explicando como começou a popularidade de Jotinha.
“A mensagem continha uma foto adulterada de sua cabeça no topo do corpo de um pintinho, e perguntava se ele era popular com as mulheres. O senhor Silva, conhecido como Jotinha, respondeu ao grupo com uma mensagem de áudio com sua distinta voz de criança: “Não, não entendi. Não entendi nada, ha ha ha ha”. Por alguma razão, sua resposta chamou atenção e as pessoas começaram a compartilhar em outros grupos do whatsapp, que é muito popular no Brasil. No fim do dia, ela tinha recebido 3.600 mensagens no aplicativo.
Ele continuou a postar mensagens de áudios e elas continuaram a fazer sucesso. Logo, ele estava recebendo mais de 10 mil mensagens por dia, fazendo com que a mídia brasileira o chamasse de “Rei do Whatsapp”, acrescentou a publicação.
O ‘New York Times’ ainda descreveu sobre o time de coração do humorista, o Esporte Clube Bahia, o início do trabalho dele como locutor em Elísio Medrado, sua cidade natal e sobre a história da família de Jotinha. Abordou, ainda, a infecção por Covid-19 da mãe dele, Teresinha César, de 88 anos, que já está curada.
A publicação ainda destacou que “políticos, jogadores de futebol e artistas populares que trabalharam com o senhor da Silva lamentaram sua morte”.
Fama nas redes sociais
Jotinha começou a fazer sucesso através do aplicativo de mensagens Whatsapp. Após troca de mensagens em que as pessoas chegaram a fazer piadas com a voz dele, os áudios ficaram famosos e a carreira do humorista alavancou.
Ele fez participações em clipes de artistas, deu entrevistas a diversas emissoras de rádio e televisão, além de ficar conhecido nas redes sociais.
Jotinha tinha mais de 1 milhão de seguidores somente no Instagram e ganhou projeção na internet por causa do tom de voz, o jeito debochado de comentar sobre futebol e a maneira bem humorada de “cornetar” os amigos nos grupos de Whatsapp.
Quando foi internado, após passar mal com sintomas de problemas respiratórios, Jotinha foi levado a um hospital particular em Santo Antônio de Jesus, cidade a cerca de 50 km de Elísio Medrado. O estado de saúde dele se agravou e ele precisou permanecer na unidade de saúde, mas a família não tinha mais condições de pagar o tratamento.
Foi então, que o humorista Tirulipa fez um apelo nas redes sociais, pedindo ajuda para Jotinha e família.
Jotinha morreu em 5 de novembro e foi enterrado no dia seguinte, em Elísio Medrado. Moradores fizeram homenagens a ele com carreata e aplausos.
Fonte: G1