O senador e ex-governador paraibano José Maranhão (MDB) morreu na noite desta segunda-feira (8) no Hospital Vila Nova Star, de São Paulo, vítima de complicações da Covid-19. Ele era o senador mais velho da atual legislatura e estava internado desde 29 de novembro de 2020, dia de segundo turno nas eleições municipais, quando passou mal pouco depois de votar no candidato que ele apoiava. Ficou num hospital de João Pessoa até o dia 3 de dezembro e nessa data foi transferido para a capital paulista.
Ao longo da internação, ele teve diversas mudanças em seu quadro clínico. Chegou a ser entubado e extubado várias vezes, mas sempre na UTI. Mas, nos últimos dias, seu quadro clínico havia piorado. A informação de sua morte foi confirmada por familiares.
Oficialmente, o horário da morte foi 21h15, segundo divulgado pela equipe médica do hospital. A nota é assinada pelos seis médicos da unidade hospitalar que vinha acompanhando o caso.
Quase 70 anos de vida pública
José Targino Maranhão nasceu em Araruna, no Agreste paraibano, em 6 de setembro de 1933, filho de Benjamim Gomes Maranhão, ex-prefeito de Araruna, e de Benedita Targino Maranhão (Dona Yayá). Começou a carreira política ainda jovem, com 22 anos, quando, em 1955, assumiu pela primeira vez o cargo de deputado estadual da Paraíba pelo PTB, partido que ficou até 1967, quando mudou para o MDB. Ocupou o posto por quatro mandatos consecutivos e saiu em 1969, no período da Ditadura Militar, quando foi cassado e perdeu os direitos políticos.
Retornou à vida política em 1982, nas primeiras eleições diretas do país em mais de 20 anos. Foi eleito deputado federal, reeleito em 1986 e em 1990. Foi deputado constituinte e ajudou a criar a Constituição Federal de 1988.
Ao término do terceiro mandato na Câmara dos Deputados, foi convidado para integrar a chapa de Antônio Mariz ao Governo da Paraíba, como vice-governador. A chapa foi eleita em 1994. Mariz assumiu o cargo, mas se afastou pouco depois de empossado para tratar de um câncer. Quando o governador morreu em setembro de 1995, Maranhão assumiu em definitivo o cargo.
Em 1998 tentou a reeleição, mas entrou em choque com um colega de partido, o então senador Ronaldo Cunha Lima. Houve um racha interno para saber quem seria o candidato do PMDB ao governo naquele ano. Maranhão venceu a disputa interna e depois foi reeleito com mais de 80% dos votos válidos.
Dois anos depois, foi candidato a prefeito de João Pessoa, ficando em quarto lugar na disputa. Em 2014, foi eleito senador e se licenciou para tentar o cargo de governador, em 2018, mas ficou em terceiro lugar.
Voltou para o cargo de senador e tinha mandato até 2022. Por causa do tratamento para Covid-19, precisou se licenciar em janeiro deste ano e foi substituído pela suplente Nilda Gondim, que agora assume o cargo em definitivo.
Formado em direito pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 1961, Maranhão também era piloto de avião particular e frequentemente pilotava o próprio voo em suas viagens. Além da política, atuava também como empresário e pecuarista. Deixou a esposa, a desembargadora Maria de Fátima Bezerra, três filhos e dois netos.
Políticos lamentam a morte de Maranhão
O governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), foi um dos primeiros a se manifestar. “Uma tristeza imensa para todos nós, paraibanos e paraibanas, a morte do senador, ex-governador e grande paraibano José Maranhão. Das muitas vidas perdidas e histórias desfeitas pela pandemia, chega ao fim a trajetória de um homem público que dedicou sua vida ao nosso estado”.
A assessoria de imprensa do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado Federal, emitiu nota de pesar em nome do Congresso Nacional.
“É com grande pesar que o Congresso Nacional recebe a confirmação, nesta segunda-feira (8), da morte do senador paraibano José Maranhão, aos 87 anos, vítima de complicações decorrentes da Covid-19. Em homenagem à sua memória, o Senado Federal decreta luto oficial de 24 horas. Ficam mantidas as reuniões internas de trabalho, como a Reunião de Líderes da Casa. José Targino Maranhão cumpria o seu segundo mandato como senador da República. Maranhão começou na política na década de 1950. Precisamente em 1955, quando foi eleito deputado estadual, cargo para o qual foi reeleito por mais três mandatos. Também foi três vezes deputado federal. E governador do estado da Paraíba em três ocasiões. As sinceras condolências do Parlamento Brasileiro à família, amigos e a todos os paraibanos e paraibanas”.
“Meus sinceros sentimentos à família do amigo José Maranhão, à sua esposa, filhos e netos, que hoje se despedem desse grande nordestino, “mestre das obras”, que sempre lutou a favor da vida dos paraibanos e brasileiros. Fica a saudade e o exemplo de um grande ser humano”, Telmário Mota (PROS), senador por Roraima.
“É com tristeza que recebo a notícia do falecimento do senador José Maranhão (MDB-PB). Um defensor do Nordeste. Que os parentes e amigos encontrem conforto e paz. Meus sentimentos a todos e ao povo da Paraíba”, Cid Gomes (PDT), senador pelo Ceará.
“Imensa tristeza receber a notícia da morte do senador José Maranhão, do MDB da Paraíba, estado irmão de Pernambuco. Um grande quadro da política, 2° membro do Senado Federal vitimado pela Covid, assim como Arolde de Oliveira. Meus sinceros sentimentos à família e aos paraibanos”, Humberto Costa (PT), senador por Pernambuco.
“Acabo de receber a triste notícia da partida do querido amigo senador, José Maranhão. De longe, um dos maiores expoentes da nossa política, em muito contribuiu no parlamento. Não à toa, era tão querido em sua amada Paraíba. Envio meus sinceros sentimentos à família e amigos”, Randolfo Rodrigues (Rede), senador pelo Amapá.
“É com profundo pesar que tomo conhecimento do falecimento do senador José Maranhão. José Maranhão era um dos nomes mais experientes do Senado, deu grandes contribuições à política brasileira e teve uma bonita trajetória. Meus sentimentos à família e a todo povo da Paraíba”, Weverton Rocha (PDT), senador pelo Maranhão.
“Com imenso pesar q recebemos a notícia do falecimento de mais um colega do Senado Federal, vítima da Covid-19, senador José Maranhão. Perdemos um amigo e o Brasil perde um grande quadro da política nacional. Solidariedade aos amigos e familiares”, Rogério Carvalho (PT), senador por Sergipe.
“Com muita tristeza recebo a notícia do falecimento de mais um companheiro de Senado. José Maranhão lutou bravamente, mas foi vencido pela Covid-19. Que Deus conforte sua família e equipe por essa dura perda. Meus sinceros sentimentos”, Plínio Valério (PSDB), senador pelo Amazonas.
“Perdemos hoje José Maranhão, referência na política brasileira e nordestina. Ele dedicou 65 anos de sua vida à Paraíba e ao Brasil como deputado, constituinte, vice-governador, governador e senador da República. Meu sincero pesar à família, aos amigos e aos paraibanos”, Fernando Collor (PROS), senador por Alagoas.
“Recebo com muita tristeza a notícia do falecimento do senador José Maranhão, o decano do Senado nessa legislatura. Convivi de perto com o senador Maranhão, especialmente quando ele presidiu a CCJ, entre 2015 e 2016, logo quando cheguei ao Senado e tornei-me titular da comissão”, Antonio Anastassia (PSD), senador por Minas Gerais.
“Perdemos o senador José Maranhão (MDB) na luta contra a Covid-19. Ele resistiu bravamente 71 dias contra a doença. Foi meu parceiro na Comissão de Agricultura e na CCJ do Senado Federal. Mais um colega que nos deixa nesta pandemia. Meus sentimentos aos amigos e familiares”, Luis Carlos Heinze (Progressistas), senador pelo Rio Grande do Sul.
“Hoje o Senado Federal sofreu mais uma grande perda para a Covid-19. Nosso colega senador e ex-governador da Paraíba, José Maranhão, não resistiu às complicações desta terrível doença. Com seus quase 70 anos de vida pública, deixa um legado de trabalho e de dedicação ao seu Estado”, Nelsinho Trad (PSD), senador pelo Mato Grosso do Sul.
G1