A Polícia Federal prendeu em Uberlândia (MG), nesta sexta-feira (19), o hacker suspeito de participar do maior vazamento de dados do Brasil.
De acordo com a investigação, Marcos Roberto Correia da Silva, de 24 anos, conhecido como conhecido como “Vandathegod”, é responsável pela divulgação de informações de 223 milhões de brasileiros (incluindo dados de falecidos). Ele está sendo ouvido pela PF.
Silva também foi denunciado por invasão a sistemas do Senado Federal, que ocorreu em agosto do ano passado, e é investigado por ter participado da invasão que expôs informações administrativas de ex-servidores e ex-ministros do TSE no primeiro turno das eleições municipais de 2020.
A operação da Polícia Federal, batizada de Deepwater, cumpre os seguintes mandados judiciais:
Petrolina (PE): 4 mandados de busca e apreensão
Uberlândia (MG): 1 mandado de busca e apreensão e 1 mandado de prisão preventiva
As ordens judiciais foram expedidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da PF.
Em 28 de janeiro, a polícia recebeu pedido da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) para abrir a inquérito sobre o caso. A investigação é realizada pela Diretoria de Inteligência Policial da Polícia Federal.
A suspeita é que autoridades públicas estejam entre os alvos dos criminosos. A PF também apura a participação do hacker conhecido como “JustBR” na divulgação e comercialização dos dados sigilosos.
Os investigadores identificaram que, em 2021, dados sigilosos de pessoas físicas e jurídicas foram disponibilizados em um fórum na internet. A página é especializada em troca de informações sobre atividades cibernéticas.
Nesse site, eram apresentadas informações de pessoas físicas e jurídicas, como CPF e CNPJ, nome completo e endereço.
De acordo com a PF, a divulgação de parte dos dados sigilosos foi feita gratuitamente por um usuário do fórum que, ao mesmo tempo, expôs a venda o restante das informações sigilosas — elas poderiam ser adquiridas com criptomoedas.
Após diligências, a Polícia Federal identificou o hacker suspeito de obter, divulgar e comercializar os dados, assim como outro hacker que estaria vendendo os dados por meio suas redes sociais.
Nesta sexta, os policiais apreenderam equipamentos eletrônicos, como dispositivos de armazenamento e um computador (veja foto acima).
Ataque ao Senado
Marcos Roberto Correia da Silva, o hacker conhecido como “Vandathegod”, também foi denunciado em janeiro pelo Ministério Público Federal (MPF) pela invasão de sistemas do Senado Federal.
O ataque ao Senado, que ocorreu em agosto do ano passado, foi realizado após a obtenção de dados e acesso ao e-mail de um servidor público.
Segundo a denúncia, ao acessar os sistemas internos da casa legislativa, o hacker fez um vídeo “expondo a fragilidade de segurança da rede”. A gravação também foi publicada na internet.
Em janeiro, ao apresentar a denúncia, o MPF não informou o nome do investigado. Entretanto, nesta sexta a TV Globo confirmou que Marcos Roberto Correia da Silva foi alvo da denúncia.
A denúncia ainda aguarda o recebimento pela 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal. A pena prevista para esse tipo de crime é de até dez anos de reclusão.
Invasão ao TSE
Silva também foi alvo de um mandado de busca e apreensão na operação “Exploit”, que prendeu em novembro de 2020 o hacker suspeito de invadir sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Ele é investigado por ter participado da invasão que expôs informações administrativas de ex-servidores e ex-ministros do TSE no primeiro turno das eleições municipais do ano passado.
A Justiça Eleitoral também determinou a proibição de contato entre ele e outros hackers investigados na operação Exploit.
Marcos Roberto Correia da Silva também é investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais por invasão de dispositivo e estelionato.
Fonte: G1